sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Com os jovens de São Francisco

Esta última viagem pelo Rio Guaporé teve a participação da Irmâ Thereza Canossa e de um grupo de jovens das comunidades rurais de São Francisco do Guaporé, com o coordenador do grupo, Sr. Manoel, da comunidade Nossa Senhora da Salete. Eles foram a Adeilda, o Anderson e a Francielle. Esta comunidade e a de São Pedro, da Linha 95, agora tem acesso direto ao Rio Guaporé pela estrada que vai até a Fazenda Santa Rosa e Baia da Belém.

Na foto: Adeilda, Francielle, Anderson e Terezinha.

Também estiveram em toda a viagem Dona Mafalda e as duas filhas dela, Terezinha e Raiane, moradoras da comunidade de Santa Fé. Dona Mafalda foi visitar a mae dela, Dona Nazaré, a quem fazia dezoito anos que não via, e acabaram levando ela passar uma temporada na casa dela.
Na foto: Dona Nazaré, matriarca do quilombo de Laranjeiras.

A viagem começou participando da Festa do 8 de dezembro em Pedras Negras, Nossa Senhora da Conceição, onde a festa foi muito alegre e com muitos visitantes de São Francisco do Guaporé. Celebramos a tradicional novena e missa com batizados.

Logo seguimos subindo o Guaporé, passando por casas e comunidades, chegando a Laranjeiras e até Remanso, na Bolívia. Lá celebramos a missa um dia de bastante chuva, e fomos voltando parando também em As Cruz, Rolim de Moura do Guaporé, Ilha de Flores, Mateguá, Versalles e Santo Antônio do Guaporé.
Fotografia: Grupo de animação de cantos em Pedras Negras.

O grupo de jovens se apresentava, visitando as famílias e as conviadando para a celebração da Eucaristia. Eles prepararam uma folha de cantos e ajudavam a animar a celebração com os dirigentes de culto, as vezes alternando com os cantos em castellano, quando se tratava de uma comunidade boliviana.
A Irmã Thereza ajudava também com uma palestra sobre o Advento e a chegada da Festa do Natal, e junto com o seu Manoel coordinava o grupo, que no barco preparava as refeições e fazia a limpeza, enquanto que eu tomava conta do motor e ajudava o Víctor a pilotar o barco, procurando no encalhar muito nos bancos de aréia que ainda tem no rio.
Fotografia: Víctor e a Irmâ Thereza em Santa Fé.


Em todas as comunidades o grupo foi muito bem acolhido, recebendo muita contribuição em ofertas e em comida: pão, frutas, galinha, pato, e outras comidas típicas da região... E também não faltou algum tempo para o grupo fazer boas pescarias, que também ajudaram na alimentação.

Fotografia: Grupo de jovens pescando.

Quando o grupo desceu em Santa Rosa, ainda sobrou um tempo para que duas jovens voluntárias de São Paulo, enviadas pelo CEUSOL, viesem conhecer o Guaporé descendo conosco até Costa Marques. Até finalmente, todos voltarem para celebração das Festas de natal e Ano Novo, preparando já para Janeiro a Romaria de Nossa Senhora do Seringueiro, com Dom Geraldo e uma comitiva visitando todas as comunidades ribeirinhas, de Pimenteiras a Guajará Mirim.










Leer más…

domingo, 16 de novembro de 2008

Viagem frustrada ao Rio Branco

Saímos para visitar a área indígena do Río Branco-Rivoredo, afluente brasileiro do Guaporé.
A beira do Rio Branco moram os indígenas do povo tupari, aruá, macurap, jabuti, aricapu e mais alguns. E por perto outro grupo de indígenas isolados. Neste tempo o Rio Branco, mesmo ter começado as chuvas, tem ainda pouca água. E fazia tempo que ninguém passava por lá. Os indígenas normalmente não passam por aqui, pois se deslocam rio acima, onde sai a estrada para Alta Floresta d'Oeste. Alta Floresta fica muito longe para nós e tentamos chegar subindo pelo Guaporé até a boca do Branco, duas horas acima de Pau d'Olho. Ao final não conseguimos chegar nem na primeira aldeia.
Em Pau d'Olho deixamos o barco grande e de rabeta subimos cinco horas pelo Branco, atravesando a Reserva Biológica do Guaporé. A vegetação é exuberante e muitas aves fogem apavoradas a nosso passo: graças brancas, patos selvagens, maguaris, biguás,... Também aparecem muitos tracajás, que puxam a cabeça fora da água, curiosos para ver o que está acontecendo, para fugir logo rapidamente nas águas amareladas.

As capivaras disputam as praias com os perigosos búfalos salvajens, que fugiram da fazenda do estado. Por fortuna, nenhum deles nos ataca, nem o jacaré açu que fica de espreita a poucos metros de nós, enquanto paramos para comer nosso arroç ao meio dia. Depois terminamos de ajeitar nossos varejões com forquillas para passar as "cochas" de capins flutuantes que se amontoam acima das árvores caídas, fechando o rio. Algumas "cochas" ficam tão firmes que a gente pode andar por cima delas, e temos que arrastrar o bote de alumínio com sua carga pesada.
Cada trecho de "cochas" nos custa um penoso trabalho, até chegarmos a uma grandiosa árvore atravessada de lado à lado do rio. Teremos que cortar pelo menos uma das grossas galhadas de machado para passar. Porém... quando damos os primeiros golpes, nos ataca um enxame de furiosas abelhas vindas de dentro do pau. Largando o medo dos jacarés pulamos na água, empurrando a canoa abaixo, para nos afastar. As abellas me pegam sobre tudo a mim, me ferrando na cabeça e nas mãos, pois ficava com elas segurando no bote.
Mais tarde fazemos outro intento de nos aproximar. Pensamos em esperar à noite, fazer fogo e fumaça,... Porém o pior é que ainda não chegamos no Furo da Cachaça, que precisa atravessar arrastrando a canoa. E todo o mundo diz que acima de lá, no Laranjal, é que o rio está feio mesmo. Decidimos voltar atrás. Fica de noite descendo pelo rio. Numa volta, no escuro, topamos com dois búfalos tomando baño, porém por sorte também eles fogem. E nós não ficamos lá para esperar. Antes de meia noite estamos de volta no Pau d'Olho.
No outro dia, ficamos descansando no barco. Pelas ferradas de abelha eu fico com as mãos inchadas e doloridas, e com um pouco de febre, apesar de ter tomado um antihistamínico. Enquanto Vítor e Mari vão pescar, esperamos até à tarde. Antes duma furiosa tempestade volta o Pinheiro, o chefe do IDARON, que toma conta do Pau d'Olho, reabrindo a fazenda, que tinha ficado abandonada por muitos anos. Eles têm um trator que poderia nos levar até o Palhal, a primeira aldéia. Porém dizem que o caminho já não está nada bom, com estas chuvas. Por enquanto os indígenas do Rio Branco teram que nos aguardar mais tarde, e ficam sem as placas solares que estávamos levando lá.
Quem resulta beneficiado, na voltam são dez famílias bolivianas de Versalles, que ainda não tinham instalações de energia solar. Até no quartel da capitania de marinha montamos instalação de placas e lámparas para a bateria. Em Versdalles à primeira noite rezamos missa, e na segunda temos palestra com o grupo de preparação da crisma.
Também conversamos com uma equipe do IPHAE, o Instituto de Patrimônio Histórico Brasileiro. Estão pesquisando os numerosos restos de cerâmica e de potes precolombinos, que aparecem em todas as terras altas do Guaporé. Falamos sobre o Monte Castelo, uma pequena montanha que existe no meio do campo natural de Pau d'Olho. Eles tem chegado até lá com o trator de Pau d'Olho: Dizem que já foi estudado. Era uma antiga aldéia com restos datados em mais de seis mil anos, por um povo diferente daquele que fabricava as cerámicas. Eles eram comedores de moluscos. Por isso o chão está chéio de estratos de conchas pisadas, que utilizavam para o chão do interior das casas.
Em Santo Antonio del Guaporé visitamos as famílias e rezamos missa à noite. No outro dia instalamos também duas placas. Nos comentam alguns dos problemas da comunidade. Uns dizem que o INCRA já venceu a causa do território da comunidade. Porém parece que o IBAMA está querendo impor um termo de conduta inaceitável. Porém dá a impressão que o pessoal tem medo e não fala quase nada. Uma das famílias está preocupada, pois foram denunciados de ter derrubado muito mato, quando somente tinham preparado, de machado, uma pequena roça.

Leer más…

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Abençoada crise


Não sei como vamos nos dar em Rondônia com a crise mundial atual. Sempre os mais humildes acabam pagando mais caro. Porém por enquanto, a crise parece estar brecando um pouco o avanço do agro e hidronegócio.
A retirada massiva de capital especulativo tem feito cair o real e subir o dólar e o euro. Para nós, que trabalhamos com as migalhas da solidariedade dos países mais desenvolvidos, pelo menos o câmbio melhora, e as ajudas alcançam para um pouco a mais.
Tomara a crise também dê um pouco de fôlego para as comunidades resistir o avanço das multinacionais. A primeira hidrelétrica do Rio Madeira já começou em Porto Velho. Porém a segunda está demorando mais. Seja por brigas entre as empresas, seja por dificuldades financeiras, parece.
Se atrasarem, muitos ribeirinhos ficaram um pouco aliviados.
Também os indígenas isolados, antes de se encontrarem com as águas do Madeira alagando suas florestas. Nem sequer a existência deles tem sido reconhecida. E tem alguns que os chamam de selvagens.
Selvagem é este povo sem escrúpulos, este modelo que condena o povo ribeirinho a contaminação de mercúrio, a perder suas fontes de subsistência, a ver suas casas e terras alagadas.
Aqui na região, os que conhecemos o rio estamos acreditando que o Madeira vai dar o seu troco as hidrelétricas. Aconteceu com a construção da estrada Madeira-Mamoré, que hoje ficou engolida pela floresta. O rio todo ano muda de canal e abre novos braços e cortes, mudando a navegação. Poucos anos de vida vão ter os reservatórios com todos os sedimentos que chegam dos Andes bolivianos e peruanos. O Rio Madeira foi chamado assim pelos portugueses, pela imensa quantidade de paus e de madeiras arrastadas pela correnteza, que formam um verdadeiro rio de madeira na época da cheia, difícil de atravessar pelos barcos. Quero ver as turbinas engolindo as ilhas de tarope e a paulera que descem pelo Madeira.
A Margem , uma das principais empresas de frigoríficos de Rondônia e Mato Grosso, faliu. Lá fora, também aparecem notícias sobre empresas de biocombustíveis falidas, cana de açúcar e etanol freando a expansão, empresas de celulose renunciando as ampliações das monoculturas. Tomara seja certo que os agricultores possam pensar mais em plantar alimentos e não em produzir capim, etanol e celulose. Abençoada crise se ajudar os mais humildes viverem em paz!
Pe. J. Iborra, zezinho CPT RO

Leer más…

domingo, 14 de setembro de 2008

Guajará Mirim


A finais de agosto chegamos a Guajará com uma turma de amigos catalãos. A frente da turma estávam Ramon i Celia, um casal que tinha trabalhado como voluntário por dois anos no centro "Despertar". Aqui em Guajará é onde nasceu o seu primeiro filho Oriol, faz doze anos. Viajando pelo rio, pescamos, descansamos e também estivemos realizando alguns pequenos projetos.
O rio Guaporé estaba bastante seco e o trecho da cachoeira do Forte Príncipe da Beira já estava difícil para passar.
En Renascença visitamos uma pequena comunidade de seringueiros, onde faltava instalar placas solares. Um dos catalãos, o Nic, é professional da energia solar e nos oferece boas orientações para nosso trabalho.
Já nas comunidades indígenas de Ricardo Franco y de Sagarana, outro catalão é o chefe de instalação de dois bebedouros de água fria para as escolas. Não sesultou muito fàcil, pois faltavam algumas das peças que ia precisar. Porém bom professional consegue dar o seu jeitinho.

Em Surpresa, Célia dedica umas horas a especialidade dela e oferece um cursinho de artesanato para as mulheres da associação AMJOS. Enquanto aproveitamos com o marido dela, Ramon, para visitar o sítio do Nazareno, um agricultor que está começando a se dedicar à apicultura. Com Ramon, que é experiente apicultor, conversam sobre os problemas das caixas de abelhas, e se puderem, eles teriam ficado dias inteiros conversando sobre o assunto.
Já pelo Rio Mamoré, seguimos descendo de barco para Guajará Mirim. Onde chegamos depois de uma noite com muitos carapanás, acampados numa praia do Rio Negro Sotério.
Guajará Mirim é porto de comerço entre Brasil e Bolívia. Para frente o rio deixa de ser navegável: Vinte cachoeiras, cheias de pedras e de perigosas corredeiras fazem impossível a navegação até Porto Velho e o resto do Amazonas.

Em Guajará é contínuo o movimento comercial de exportação e importação com a gêmea cidade boliviana de Guayará Merín. As mercadorias, a espera da ponte internacional, viajam em pequenas embarcações. També é constante o tráfego de turistas brasileiros que procuram na Bolívia produtis importados a bons preços.
Em Guajará finalmente posso recolher uma encomenda de janeiro: Um cartaz de madeira talhada pelo artista boliviano Júlio César, com o nome do barco "Dom Roberto".

Porém minha principal preocupação é conseguir um mecânico que venha instalar o cambio automático de marchas do barco. Em Costa Marques ninguém foi capaç de fazer a instalação. Aqui finalmente aparece um mecânico disposto a tentar o serviço, depois de dois dias de procura. Ele faz um comando automâtico artesanal, e com ele, felizes voltamos para Costa Marques.

Leer más…

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os companheiros claretianos

Nestas semanas, com o barco "Dom Roberto" esteve visitando algumas comunidades do Rio Guaporé. Em Santo Antônio passamos alguns dias colocando as janelas da igreja e placas solares numa dúzia de casas. Fazia anos que lhes prometiam motor de luz e até agora, nada. Estiveram comigo seis companheiros claretianos da Catalunha. Pensei que fossem os primeiros missionários claretianos a vir comigo pelo Guaporé. Porém não eram: O primeiro foi o Pe. Xavier Saigí, em 2002. Estivemos também com eles na comunidade boliviana de Versalles, menos aristocrática que a homônima francesa. No dia 06 de agosto celebramos com eles a festa da pátria de Bolívia.
Foto: Moçada de Santo Antônio.Foto: Joan Bové

Fiquei admirado como celebraram a festa da pátria, com grande esforço e dedicação. Esta pequena localidade isolada de indígenas itonamas, com tropa de seis soldados e dois oficiais, no dia 06 de agosto celebrou sua identidade e orgulho de ser bolivianos, com bastante presença de convidados brasileiros das comunidades vizinhas.
Anos atrás, o Pe. Xavier Saigí também esteve conosco nesta comunidade, visitando a missão e pelos mesmos lugares. Ele foi dos primeiros a me animar neste serviço da pastoral fluvial e me ajudou a comprar o primeiro barco. Depois batizei o barco com seu nome, em agradecimento e homenagem, pois durante a viagem de retorno, o Pe. Xavier faleceu de infarte fulminante, no aeroporto de Porto Velho. Apesar de sua curta visita, foi o primeiro de nós a deixar os seus dias nesta terra amazônica.
Agora chegaram de visita outros seis missionários claretianos. Alguns estiveram trabalhando em Santo Antônio instalando painéis solares. Eles estavam financiados com o restante das ajudas da empresa catalana Fundició Benito Dúctil. Outros pelo escritório da advogacia espanhola da Fundación Uría, e as restantes pelo projeto de Manos Unidas.
Os companheiros claretianos que estiveram comigo foram os padres Joan Soler e Ramon Olomí, e também quatro estudantes de teologia. Dois deles, Thomas Pullikatil y Hellin John, son claretianos originarios da Índia, com seu diploma de teologia recém conseguido; e os outros dois catalães: Josep Codina, que já esteve dois anos em Rondônia de cooperante, e Joan Bové, da cidade de Valls. Dos indianos, Hellin procede de família de pescadores marítimos e logo gostou da pescaria nestas águas amazônicas. Na família de Thomas, eles trabalham uma plantação indiana de seringa, e aqui descobriu a terra de origem das árvores que sustentam sua família, plantados na Ásia com sementes roubadas da Amazônia pelos ingleses, no século decenove.
Todos eles chéios de coragem vieram ao Guaporé, enfrentando as pragas e confiando neste barco de construção artesanal. A primeira noite o barco metia água e tivemos que ir fechando com estopa todos os buracos. Depois, um dia o motor parou. Limpamos o filtro de diesel, porém não deu para o colocar de novo. Arrumamos uma mangueira direto do tanque de diesel.E assim continuamos com alguns problemas, que fomos resolvendo sobre a marcha e com algumas ajudas, até conseguir retornar a Costa Marques. No sem primeiro encalhar numa das muitas praias que neste tempo aparecem por toda parte.
Porém ninguém tira deles ter desfrutado da natureza exuberante deste rio amazônico, chéio de aves, de fauna, de peixes e de variada vegetação. Os que já costumamos não ligamos muito pela paisagem, porém o rio se impõe com sua beleza serena e majestade admirável.
Quase em contraste, a luta das comunidades por uma vida de dignidade e justiça. Em Santo Antônio e em Pedras Negras me comentam alguns dos problemas das associaçães quilombolas, criadas para registrar os territórios que lhes pertencem de tempo imemorial. Eles lutam com sua persistência em ficar nestas regiões, com muita caça e pesca, porém muito sofrido para viver e trabalhar, com uma capacidade infinita de resistência. Muitas vezes a gente desanima. Fazia mais de ano que estávamos com as janelas da capela de Santo Antônio por instalar. Para os que chegamos de fora, as vezes parece que tuda vai devagar demais. Porém eles enxergam longe, e sabem que ainda tem muito caminho pela frente, para seguir adiante com a vida deles e ver reconhecidos seus direitos.

Leer más…

domingo, 20 de julho de 2008

Carlinhos


Nosso Brasil, por um lado moderno e desenvolvido, pelo outro surpreende pela precariedade e insegurança das pessoas e de recursos, que nos fazem sentir muito impotentes. Sabemos que tem setores, como nossos ribeirinhos, de muita exclusao e de pobreza. Porém assusta ver como andam as coisas em cidades modernas e desenvolvidas, com todo tipo de consumo, como nosso Porto Velho.O passado dia 11 de julho um terrível acidente de ônibus na BR 364, em Ouro Preto d'Oeste, tem atingido todo um grupo dos Movimentos Sociais e Populares, que iam para um curso de treinamento sobre educaçao popular. Nosso campanheiro Carlinhos, agente da Pastoral da Terra, a CPT de Porto Velho, ficou ferido de gravidade. Faleceram sua mulher e o seu filho, irmâ e sobrinho do Pe. William, de nossa diocese de Guajará Mirim. Carbonizados, como o resto das 14 vítimas mortais.
O ônibus bateu de frente com uma carreta de combustível, que explodiu, e pegou fogo todo o ônibus. Todo dia vemos tragédias nos jornais e na TV. Porém quando atingem alguém de perto, a gente fica abalada. E depois da dor das pérdidas, veio o problema das despesas do atendimento hospitalar dos doentes. Quem toma conta delas? Alguns dos feridos tem precisado de cirurgias e de cuidados que a os hospitais públicos nao davam conta. Nós da CPT, e o pessoal dos movimentos atingidos, e das comunidades de Porto Velho, estamos pedindo ajuda para eles. Tem advogados atrás das companhias seguradoras do ônibus, da carreta de combustível,... porém por enquanto, nada.

Leer más…

sábado, 12 de julho de 2008

Enfermeiros do CEUSOL

Segunda feira, trinta de junho, pela noite conseguimos embarcar e sair de Costa Marques rumo acima, no Rio Guaporé. O dia todo tínhamos ficado ocupados nos preparativos e em terminar de arrumar o barco "Dom Roberto", com problemas de infiltraçoes de água.
Vieram conosco, a mais do piloto Vítor Cojubim e a esposa dele, Gezabel, e o seu genro, um enfermeiro e uma enfermeira do CEUSOL, o centro solidário da Universidade Claretiana de Batatias: Sandra Toloi Saltareli e Ivan Oliveira Gomes.
Viajamos de noite, para aproveitar os poucos dias disponíveis. Já no outro dia pela tarde chegamos na primeira comunidade: Santo Antônio do Guaporé.
Casa por casa os enfermeiros passaram olhando a pressao dos moradores, fazendo examen de diabetes e atendendo outros problemas apresentados. Apenas uma dúzia de famílias.
Pela noite rezamos missa a luz de velas e com muitos cantos. A comunidade dispoe de motor gerador, porém está sem diesel, e algumas placas solares, porém sem baterias.
Logo depois continuamos subindo penosamente o rio, que ainda tem muita água e correnteza, para esta época do ano.

Levamos amarrado o barco "Padre Xavier", nosso antigo barco da Pastoral Fluvial, que iremos entregar na comunidade de Laranjeiras.
Subindo vamos avisando as comunidades do dia de nossa visita, na volta.
Somente sexta conseguimos chegar a Laranjeiras. Foram 445 km de rio à velocidade de seis o sete km/hora. Durante a viagem temos tempo para nos conhecer com os dois enfermeiros voluntários, para conversar, para ler, para pintar e arrumar coisas do barco, ...
Em Laranjeiras nos recebem com muita alegria, contando como foi lá a equipe de demarcaçao de terras do INCRA. Eles fizeram uma proposta de demarcaçao territorial que lhes tem deixado muito animados. Gezabel, a mulher do Víctor, é filha de Laranjeiras, e fazia alguns anos que nao estava aqui. O seu filho Amarildo, e sua nora e cinco netos moram aqui. Eles ficam até de madrugada conversando. Na volta, Amarildo descerá conosco para ir a Ji Paraná tirar a carteira indígena e tentar resolver um problema com a justiça, pois foi preso e acusado de pesca ilegal.
No outro dia temos celebraçao religiosa na escola. Ao terminar, sentamos começando a elaboraçao dos estatutos da nova Associaçao da Comunidade Quilombola de Laranjeiras, ao nome da qual deveráo ser registradas as terras da comunidade.
Almozamos convidados por eles e à tarde ja vamos embora: O tempo é pouco. Na comunidade de As Cruz paramos instalando placas solares em duas casas. Sao as últimas das sete placas solares financiadas pela empresa Fundiçao Benito Dúctil, de Barcelona, a través da ONG Enllaç Solidari.
Domingo rezamos a missa em Rolim de Moura do Guaporé e pela tarde paramos na pequena comunidade de Tarumá. No outro dia passamos pela Ilha de Flores e chegamos até à comunidade boliviana de Mateguá, onde somos obsequiados com o tradicional asado de tartaruga. Aqui entregamos uma bomba de passar fumaça, que serve para afugentar as pragas de mosquitos transmisores da malária, do dengue e outras doenças endémicas da regiao. Ela foi comprado com ajuda de ma campanha do Colégio Claret, de Barcelona.
Em todas as visitas, os enfermeiros descobrem muitas pessoas com problemas de hipertensao. Alguns, se a gente estivesse na cidade, os teriamos que levar ao hospital, pois estávam com a pressao altíssima. Nós nem tinhamos trazido muitos remédios para este problema. Recomendamos medicinas naturais: Dieta sem sal, reduzir as gorduras, chá de quebra pedra e capim santo. Pouco podemos fazer. Porém somente detetar o problema já foi importante.
Muitas pessoas jamais tinham feito examem de diabetes. Inclusive em jovens, alguns examens sao alarmantes: Sandra e Ivan lhes recomendam o cuidado com o açúcar, com o gluten (como comer verduras, aqui que quase nao tem?), e fazer examens mais detalhados quando forem viajar na cidade.
Assim continuamos viagem, parando em algumas casas isoladas, e na fazenda de Pau d'Olho. Dá tempo até para uma pescaria de piranhas e tucunarés antes de chegarmos na comunidade boliviana de Versalles.
Pela noite continuamos viagem, e parando apenas na Baia do Boi, continuamos direto até Costa Marques, onde chegamnos no outro dia pela manhâ.
Com tempo para um breve descanso, até a Sandra e o Ivan viajarem para Sao Francisco e lá se juntar a turma do CEUSOL, para ir de ônibus de volta para suas cidades no estado de Sao Paulo. Em total foram mais de 900 km pelo Rio Guaporé.

Leer más…

sábado, 28 de junho de 2008

Um falecido e três sem terra presos em Seringueiras RO

Enquanto estava em Sao Miguel, o Pe. Afonso, advogado da CPT, me liga.
Ontem houve um violento despejo dos sem-terra acampados em Seringueiras, a paróquia vizinha.
É o quinto despejo que sofrem. A polícia jogou balas de goma e bombas. Crianças ficaram machucadas.
Três deles foram detidos e levados para São Miguel.
Vou na delegacia atrás dos nomes dos detidos, sem conseguir ver eles.
Procuramos um advogado de aqui para atende-los. Pela tarde, sabemos que também faleceu um dos acampados, que pasou mal depois do despejo. Faleceu por infarte.Um dos advogados da cidade chega a visitar os detentos, porém mais nada.Não conseguimos defensa para eles.
Procuro na delegacia, no fórum , no ministério público. Não acho ninguém.
Finalmente chega o Dr. André, o delegado, que me atende muito bem.
Facilita a visita aos detidos e explica que foram presos por mandato de prisão do juiz, Carlos Augusto Lucas Benasse, acusados de diversos fatos: queima da sede da fazenda e do curral, etc.
O delegado facilita arrumar os números da documentação deles e cópia do mandato de prisão, de forma a poder apresentar, segunda feira, hábeas corpus pedindo a libertação deles.
Hoje, familiares dos acampados trazem colchões para eles, arrumados pelas irmãs de Seringueiras. Eu levo também sabonete, pasta dental, ...
Mais um acontecimento criminalizando os movimentos sociais por fatos que não eles fizeram.

Leer más…

As Famílias do Projeto Natureza Viva

Em São Miguel do Guaporé estou participando da assembléia do Projeto Natureza Viva do Vale do Guaporé, financiado pela CEI, Conferência Episcopal Italiana.
Trata-se de pequenos agricultores que mostraram interesse por iniciar experiências de trabalho ecológico em seus sítios.
Esta ajuda financeira serviu para começar um trabalho em linha agroecológica.
Foram realizados convênios de assistência técnica com a COACARAM, uma cooperativa de comercialização de café, com sede em Ji Paraná, e com a EFA, a Escola Família Agrícola com sede em São Francisco.
Dois técnicos agrícolas visitam as famílias e as orientam em seus projetos para melhorar o trabalho, procurando uma agricultura ecológica, sem uso de agrotóxicos e que ajude a recuperar o meio ambiente.
Cada família fez suas propostas de trabalho e recebeu também um fundo de ajuda para comprar material e equipamentos. Assim, muitos que tem café na lavoura, para deixar de usar herbicidas, optaram pela compra de roçadeiras de mato, pagando eles mesmos parte do equipamento. A avaliação é que tem ajudado muito, passando desta forma a produzir café orgânico (biológico). Também tem dispensado o uso de veneno para roçar o mato nas cercas e nos pastos.
Outros, para evitar mais derrubadas e conservar melhor o pasto, compraram cercas elétricas e fizeram mais piquetes nos pastos. Dividindo mais o pasto, o gado não fica andando e pisando por todo lado. Enquanto fica pastando num piquete, no outro lado da cerca o capim tem tempo de se recuperar e crescer, aproveitando melhor o espaço. Este sistema simples também tem ótimo resultado no controle de pragas, como o garrapato e a mosca do chifre do boi, pois quebra o ciclo de desenvolvimento das larvas.
Algumas famílias optaram pelo plantio de fruteiras, destinadas a produção de polpas de fruta na usina da Associação de São Miguel do Guaporé. Enquanto que outras famílias compraram cercas e galões para produção de biofertilizantes, procurando a formação de hortas e experimentando, ainda que com dificuldades, o plantio de verduras sem uso de agrotóxicos. Alguns tem posto na feira e conseguem comercializar uma produção de verduras totalmente orgânicas.
Já por iniciativa da Escola Família Agrícola, muitas famílias tem realizado um esforço de reflorestação nos cursos de rios e igarapés desmatados. Na Linha 33 de São Francisco, foi realizado um mutirão de plantio de mudas de árvores. O objetivo era começar a recuperar uma nascente de água. A atividade tem o apoio da toda a Paróquia e foi adotada como gesto concreto da Campanha de Fraternidade.
Seguindo várias experiências de outros lugares, tem se realizado cursos de homeopatia, com remédios naturais para tratamento de doenças da criação; de produção de minerais naturais para complemento da alimentação do gado, e produção de compostos e ajuda de minhocas para produção de húmus e de adubo natural.
Com muita humildade, cada família expõe o que tenta fazer, com luta e dificuldades e muito trabalho, que nem sempre conseguem realizar. Assim teve agricultor de Costa Marques que chegou a plantar por oito vezes tomate, sem conseguir que a praga de ferrugem não acabasse com as plantas. Outros conseguiram colher bastante feijão e amendoim. E muitos já terminaram a colheita de café, totalmente livre de uso de venenos.
Nestes dias deve ser discutida a coordenação do projeto, realizada por José Silva e José Ossak, dois dos próprios agricultores do projeto, com orientação técnica e administrativa da Comissão Pastoral da Terra, e as parcerias da Acaram e da EFA, assim como das Paróquias do Regional centro da Diocese.
O Projeto foi idealizado e acompanhado pela CPT de Rondônia, pelo técnico agrícola Marcos Antônio Machado, e hoje continua com o acompanhamento de Roseli Maria Magendanz.
O grupo está representado na Articulação Estadual de Agroecologia, e pleiteia pesquisa oficial em linha ecológica e sustentável, assim como cursos e aplicação de recursos governamentais, e uma linha de crédito oficial, pois os bancos do governo até agora recusam projetos de agroecologia, com a desculpa que falta “base científica” nos mesmos.
Um grande esforço com o objetivo de viver a partir do trabalho na roça, e realizar a missão recebida de Deus por toda a Humanidade, de cuidar e colaborar com Ele na obra da Criação.

Leer más…

domingo, 15 de junho de 2008

Os seringueiros do Rio Cautário



O Rio Cautário é afluente do Guaporé. Ele faz divisa entre os municípios de Guajará Mirim e Costa Marques. Atualmente forma parte duma reserva extrativista.
Nela vivem os últimos seringueiros da região. Vivem de recolher castanha, tirar seringa, fazer farinha de mandioca, e da abundância de caça e de pesca da área, vizinha do Parque da Serra da Cutia.
Eles têm realizado uma funçaõ extraordinária para proteger a floresta e o meio ambiente, pois contiveram repetidos intentos de invasão da frente de grileiros de terra, que avançava desde o distrito de Sao Domingos do Guaporé em direção a Surpresa.
Esta foi a vez deles de receber energia solar em suas casas. Em total foram quarenta e cinco moradias beneficiadas com instalaçao de um painel solar e rede de energia para duas ou tres lâmpadas por casa, nas comunidades de Laranjal, Canindé, Cajueiro e Jatobá.
Pouca coisa, porém muito pára quem continua dependendo da lamparina para iluminaçao doméstica e continua excluido, pelo menos até agora, do "Luz para Todos".

O financiamento do projeto é da organização MANOS UNIDAS, da igreja espanhola, e a realização do projeto da Pastoral Fluvial. A Associação AGUAPE dos seringueiros se comprometeu a fornecer as baterias. Com José Aniceto Ruiz e Víctor Cojubim formamos a equipe de instalaçao dos paineis Kyocera, fornecidos pela SOLAR BRASIL.
Para nossa surpresa, no Canindé fazia dez dias tinham chegado mais nove famílias. Eles chegaram na reserva extrativista depois de um longo éxodo, pois apesar de viver mais de 30 anos como seringueiros do Rio Machado, eles estavam dentro da Reserva Biológica de Jaru.
De novo, comunidades tradicionais sofrendo sendo castigado pelo rigor da proteçao de meio ambiente, rigor que nao é costume de oferecer aos verdadeiros devastadores da floresta.
Este grupo de quarenta pessoas ficaram jogados num acampamento de sem terra no ramal Jequitibá, em Candéias do Jamari, até que foi decidida sua ubicaçaõ no alto Rio Cautário.

Na foto, seu Pedro Galdino de Sousa, ribeirinho expulso da Rebiu de Jaru.
O pe. Zezinho Simionatto foi dos que, ainda poucos dias antes de morrer, ajudou eles a solucionar o problema. Com alguma assistência do Ibama e acolhidos pelos seringueiros do Cautário, eles hoje se encontram cheios de ilusao, construindo suas casas e fazendo canoas para seu futuro destino, enquanto ocupam provisionalmente algumas casas desocupadas da comunidade do Canindé.
Porém, por enquanto, ficaram fora do projeto, sem receber placas solares. Tal vez consigamos outras nove para eles.

Leer más…

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Festa em Pimenteiras

Finalmente chegamos a Pimenteiras, no dia 05 de Maio. O recebimento e a festa, extraordinários. Fiquei sorpreendido como a Irmandade de Pimenteiras organizou e levou a termo a festa, dando conta de acolher e alimentar todos os visitantes. Todas as noites a Igreja estava chéia de povo, que aos poucos começou a apresentar seus testemunhos e promessas pelas graças recebidos do Divino. Especial testemunho deu a Imperatriz, Ivaneth, ainda convalescente de uma grave doença. Sua coragem e profunda espiritualidade marcaram a Festa e a alicerçaram na fé e na confiança. Romeiros, irmaos e irmâs, devotos, festeiros e promesseiros deixaram marcada sua presença numa cidade totalmente volcada para este evento, que se Deus quiser vai acontecer o ano que vem em Surpresa, com a novedade que a Romaria -o ano que vem sim- vai chegar a Guajará Mirim, como é anhelo e desejo de muitos moradores. Mai informação em http://divinodoguapore.blogspot.com/

Leer más…

sábado, 5 de abril de 2008

Surpresa e nova Romaria do Divino

Esteve celebrando a Semana Santa em Surpresa e aí fiquei esperando a chegada dos Romeiros para adherir a equipe da Missao. Lá o poeta e escritor local Edinaldo de Almeida me entrega a ediçao dos seus versos "O inferno do poder": "Sou mais um dos eleitores / Que se sentem enganados / Elegendo um canalha / Para roubar o estado / Joguei mais um voto fora / Pensando ter acertado." Este ano a alagaçao estava muito alta, chegando ao muro da escola de Surpresa, e deixando para as canoas a rua mais baixa do Distrito. Enquanto, a nova equipe da Romaria do Divino começa com ilusao e dedicaçao a missao de levar a Coroa e a Bandeira do Divino por todas as localidades do Vale do Guaporé. Em Sagarana a animaçao e a acolhida sao extraordinárias. A juventude fica a noite enteira cantando com os romeiros. Muita chuva. Chegamos a Porto Acre e as águas estao por cima do soalho da casa. O pessoal fica comentando: "Se este ano é assim, o que vai acontecer depois da construçao das barragens?" Depois de chegar no Forte, aproveito a semana em Costa Marques para nao deixar para trás outros compromisos. Lá o Pe. Joao me informa sobre o despejo do exército de um grupo de indígenas e seringueiros, na Serra Grande, dum local chamado Cipoal. (Mais informaçao: http://cptrondonia.blogspot.com/ Depois, vendo o tempo seco e ensolarado, decido enfrentar a estrada de Sao Francisco de carro baixo, e apesar de furar um pneu logo na saída, consigo chegar atravessando alguns atoleiros

Leer más…

domingo, 9 de março de 2008

Manaus



Seguindo programaçao da CPT, fui a Manaus representando o regional de Rondônia.
Todos os regionais amazônicos da Comissao Pastoral da Terra estamos tentando articular um projeto estratégico de atuaçao na Amazônia, com apoio de Misereor.
Tive a sorte de poder viajar de Porto Velho a Manaus no barco "Stenio Araujo", em rápido percurso de três noites e dois dias pelo Rio Madeira e Amazonas.
A destacar, a movimentaçao intensa de balsas e barcos de carga pelo Madeira, transportando carretas, combustível e soja, do porto graneleiro de Porto Velho a Itacoatiara, onde segue rumo ao oceano Atlântico, para exportaçao na Europa e outros países.
Bom papo com os companheiros de viagem. Como o inquieto hippie Gaspar, nómade, que viaja de rabeta e conhece todos os rios amazônicos reolhendo sementes nativas para seus artesanatos. E ainda mantém site ecológico que gosta de bater nas mineradoras.

Leer más…

Pe. José Simionato, missionário comboniano

MORREU O NOSSO COMANDANTE

Pe. José Simionato, Padre Zezinho, de 83 anos, faleceu em Porto Velho , Rondônia, no dia 27 de fevereiro de 2008, na Paróquia de Nossa Senhora das Graças. No dia anterior tinha se encontrado mal e foi descansar. Porém o seu coração não resistiu e morreu durante a noite.

Missionário em Espírito Santo , Rondônia e Mato Grosso.
Termina aqui a trajetória de um dos mais veteranos militantes da luta pela terra em Rondônia. De origem italiana, ele tinha chegado ao Brasil no ano 1955. Membro da Congregação dos Missionários Combonianos, o Pe. Zezinho formava parte do primeiro grupo de combonianos que tinha chegado ao Brasil, e também foi dos primeiros em se naturalizar brasileiro, nos anos 60. Trabalhando durante décadas no estado de Espírito Santo, lá ele se dedicou preferentemente ao trabalho da educação, fundando escolas e ginásios em todos os lugares onde estava. Acompanhando a vinda de migrantes que vinha de pau de arara para Amazônia, o Pe. José chegou em 1977 à nova cidade de Cacoal, nascida depois da abertura da BR 364 e da criação do Território Federal do Guaporé. Entre Cacoal, Ouro Preto do Oeste, na Diocese de Ji-Paraná; e também em Mato Grosso e na capital de Rondônia, Porto Velho; ele dedicou à região amazônica a maioria dos últimos trinta anos de sua vida.
Mais informaçao: http://cptrondonia.blogspot.com/

Leer más…

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Europa suspendeu importaçao brasileira de carne de boi

Tal vez “sem querer querendo”, a União Européia está dando neste começo de ano uma boa ajuda ao meio ambiente da Amazônia, com a suspensão da importação da carne brasileira.
A contribuição amazônica na pecuária brasileira, que era de menos da décima parte nacional no ano noventa, triplicou e passou para mais de uma quinta parte da produção brasileira no ano 2005. Segundo as estatísticas do Ministério de Agricultura, tinha em 2005 41.489.000 cabeças de boi criadas nos estados do Norte: somente em Rondônia (11.349.000), e Pará (18.069.000), completando o resto Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Tocantins. Sem contar os bois criados na área amazônica do Mato Grosso e Maranhão.

Este aumento, de 13.317.000 cabeças de boi, para 41.064.000 em quinze anos, somente foi possível a custa do desmatamento e da destruição de milhares de hectares de floresta amazônica.
Mais informaçao: http://cptrondonia.blogspot.com/
Fotografia: Movimentaçao de gado e caminhões boiadeiros na BR-429, Rondônia.

Leer más…

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Energia solar para os indígenas Oro Win



Em Janeiro subimos o Rio Pakaas Novas, descendo de Costa Marques até Guajará Mirim.
Lá celebramos os vinte e cinco anos da chegada dos Missionários Claretianos. O barco "Dom Roberto" foi registrado na Capitania da Marinha e abençoado por Dom Geraldo Verdier, nosso bispo diocesano, e o Pe. Máxim Muñoz, provincial dos claretianos de Catalunha, e os meus companheiros.
Logo iniciamos a viagem no Rio Pakáas Novas, afluente do Mamoré. Estavam o Víctor e o seu filho, Valdir Cojubim, e três espanhois: Ángel Villacampa, Francisco Ruiz e Quique Sánchez. No barco carregamos os 22 paineis solares, 22 baterias e o resto de material para instalar energia solar nas casas das aldéias de Sao Luiz e de Pedreiras, na Área Indígena Uru Eu Au Au.
Nestas aldéias moram os indígenas Oro Win. Eles sao uma etnia de apenas vinte famílias, contatados e superviventes duma massacre nos anos 70.
O difícil era chegar até lá. Vinham conosco um jovem e algumas mulheres e crianças Oro Win. Os quatro dias de viagem, desde Guajará Mirim, resultaram em seis dias, devido as cochas de capim e tarope, que ficam boiando no rio e as vezes tampando as passagens. Teve dia que tivemos que parar, mergulhar e cortar o capim enrolado da palheta mais de quinze vezes.
Porém chegamos, e começamos instalando os primeiros seis paineis solares na aldéia de Pedreiras, onde Waldemar Cabixi é o cacique e patriarca. Da aldeia de Pedreiras até Sao Luiz, nao dava para o barco continuar. Aí subimos no bote e carregamos o material na chata pilotada pelo experiente Elizeu Oro Win Cabixi. Assim, sem problemas conseguimos chegar em Sao Luiz do Pakaas Novas, onde tivemos ajuda do Chefe da FUNAI, seu Edimar, e a esposa, Dna Laura. Nos deu assistência o jovem cacique, Roberto Oro Win, completando as instalaçoes em mais quinze casas.
Finalmente na moradia de Iapó Uru Eu Au Au e do seu sobrinho, completamos o trabalho.
O material dos paineis solares é da firma Kyocera, distribuidos pela empresa paulista SOLAR BRASIL.
O finançamento da FUNDACIÓN PROFESOR URÍA, um escritório espanhol de advogacia, e a mediaçao de ONG catalana Enllaç Solidari, fizeram possível este projeto. A eles, e aos três voluntários aragoneses: Ángel, Quique e Francisco. Muito obrigados!

Fotografia: Moradia e família de Adriano Oro Win Cabixi

Leer más…