sábado, 23 de outubro de 2010

Morre menino miqueleno

São Francisco do Guaporé, 20 de Outubro de 2010.
Aconteceu uma tragédia em Porto Murtinho. Um indígena miqueleno, neto do Sr. Urbano e D. Estelita com apenas 9 anos se suicidou com um tiro de espingarda.
Os boatos são que ele não fazia as tarefas no colégio e incomodava aos outros, a professora falou que se continuasse chamava o Conselho Tutelar.
No dia foi ao Colégio mas não entrou na sala. Chegando em casa os irmãos falaram aos pais e a professora mandou um bilhete aos pais explicando...

Pela tarde os pais foram na roça e ele diz que ficava para estudar. Chegando na roça, escutaram um tiro voltaram depressa, e chegando encontraram o menino morto na cama com a espingarda do lado e do outro o Livro e o bilhete da professora.
Ainda mais, a policia chegou e prendeu o Pai por não ter registro da espingarda.
Ele já está em casa, porém não pode acompanhar o enterro, pois teve que pagar uma fiança de R$ 1.700,00.
Uma irmâ católica e um pastor fizeram a recomendação no cemitério de São Francisco.Os miquelenos são indígenas originários do Rio São Miguel.



Recentemente faleceu em Guajará Seu Marcílio, último miqueleno que ainda falava a língua indígena, de troco txapacura. Eles recentemente foram oficialmente reconhecidos como indígenas, e reivindicam o território tradicional.
Parte dele está dentro da Reserva Biológica do Guaporé, na localidade do Limoeiro.
Os últimos moradores do local foram expulsos pelo Ibama nos anos 84-86 e ficaram espalhados no vizinho local de Porto Murtinho (hoje distrito de São Francisco de Guaporé, e também em Costa Marques, Surpresa, Guajarás Mirim e outras localidades.

A reivindicação territorial comportou um estudo antropológico da FUNAI em 2008 e neste ano de 2010 está prevista a constituição do Grupo de Trabalho que deve definir os limites territoriais do povo indígena miqueleno.

Por causa desta reivindicação territorial os miquelenos que moram em Porto Murtinho tem sofrido pressões e ameaças dos vizinhos, especialmente quando viajam de ônibus para Porto Murtinho e inclusive para a escola pólo situada na Linha 06.



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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Festa do jacaré, dos arara de Ji Paraná

A semana passada participei da festa do povo indígena arara de Rondônia. Eles moram na região de Ji Paraná, na bacia do Rio Machado. Do contato de inícios do século XX e das epidemias dos anos 40 sobreviveram apenas umas 200 pessoas, que moram nas aldéias de Iterap e Pajpap, compartilhando a Área Indígena Lourdes com o povo gavião.

Eles mantém viva a língua arara, de tronco tupi, usando o portugués para os contatos externos. Porém como todos os indígenas, eles sofrem a demonização de suas tradiciões religiosas e culturais dos pastores pentecostais. Os missionários católicos (e luteranos), ao contrário, les animaram a realizar esta festa tradicional, que fazia cinco anos que não celebravam mais.
Com ajuda do COMIN, da Pastoral Indigenista de Ji Paraná e do CIMI, conseguiram um projeto para financiar diversas atividades de revitalização cultural: Plantio de taboca para flechas, cursos de tecido de algodão, sementes de frutas para pinturas corporais, etc.
A realização desta Festa do Jacaré significou um importante elemento de resistência, de recuperação da identidade própria e de autoafirmação cultural e tradicional. Isso lhes ajudará a ficar mais unidos e enfrentar os diversos desafios que os amenaçam. Entre eles, a construção duma barragem no Rio Machado, a hidrelétrica de Tabajara.
Fiquei soorprendido de que além dos momentos rituais e de dança, de banquetes e de celebração, teve demorados momentos (eu quase não entendia nada) nos quais as principais lideranças (e todos os que desejaram) poderam se expressar e manifestar. Inclusive diversas mulheres falaram.

Pedro Arara, o cacique de la aldea de Pajpap, e a esposa dele, Maria, receberam e acolheram todos os convidados da aldéia vizinha e todos os visitantes convidados por eles.
Enfeitados com os vestidos, pinturas e tradicionais cocares de penas, os arara incorporaram na festa todas as gerações: desde bebés até anciãos, passando por jovens e adolescentes, homens e mulheres. Inclusive muitos que já tem aderido ao agressivo cristianismo pentecostal participaram das danças, pinturas e rituais. Até da bebida fermentada de batata doce e macaxeira: a macaluba. Do qual todos foram bebendo nos momentos importantes, sem que ninguém chegasse a ficar bêbado.
Os guias da festa, os pajés, líderes espirituais e culturais da comunidade, dedicaram-se a fondo e estavam exultantes revivendo os rituais de profunda significação comunitária. A Festa do Jacaré foram uns dias extraordinários.

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sábado, 11 de setembro de 2010

Imagens do Guaporé

Lindas imagens da visita a Rondônia de Maria e Javier, vindos de Zaragoza (Espanha) que estiveram no madeira, em São Miguel do Guaporé, em Ji paraná e também no Rio Guaporé no mes de Agosto. As fotos são de Maria.







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domingo, 11 de abril de 2010

Os wuajuru

Os indígenas wuajuru são nativos da região de Rolim de Moura do Guaporé, localidade ribeirinha e quilombola que hoje está dentro do município de Alta Floresta. Foi pela mão do jesuita potugués Pe. Agostinho Lourenço que próprio Antônio Rolim de Moura Tavares, primer Capitão General do Mato Grosso, no século XVIII fundou o lugar como Missão de São José.
Já no começo deste século achamos apenas na região pequenos grupos de indígenas sometidos pelos seringalistas no Rio Mequéns e no Colorado, em colocações conhecidas como Cerrito, Ururões e igarapé Terebinto. Aqui é onde residiam os wuajuru.
Um grupo indígena restou sempre irredutible vivendo em liberdade isolados na floresta. Ainda hoje continuam sem contato na terra indígena Massako, a primeira a ser demarcada no Brasil para um grupo indígena isolado.
Enquanto que seus vizinhos mequens e sakarabyat conseguiam demarcar também uma pequena parte do seu território no Rio Mequens, os wuajuru tiveram pior sorte e foram despejados pelos jagunços das empresas Camargo e Corréia e Rober, que abriram fazendas no lugar onde moravam.
Hoje é o ex governador de Rondônia, Ivo Narciso Cassol quem comprou estas fazendas, e alguns dos mesmos capangas que expulsaram os indígenas continuam ainda aí, ameaçando eles.
Parte dos indígenas wuajuru foram morar nas aldéias indígenas da Baia das Onças, Ricardo Franco, no baixo Guaporé, e no Río Mamoré, na aldéia de Deolinda. Outros moram em Guajará Mirim e Pimenteiras. Algumas mulheres casaram com quilombolas e com seringueiros e moram ainda em Rolim de Moura do Guaporé.
Foi neste lugar que os wuajuru começaram a se reencontrar, reivindicando o reconhecimento da identidade dos indígenas dos moradores do lugar, a revitalização de sua língua e cultura (hoje a língua wuajuru tem apenas dois falantes) e a devolução do seu território tradicional.
Foi de Ricardo Franco para Rolim do Guaporé que o barco Dom Roberto fez sua primeira viagem deste ano 2010. Aproveitando par deixar na aldéia de Ricardo Franco um grupo de pajés do Río Branco que iam realizar seu encontro tradicional, quatro famílias de wuajurus embarcaram, adultos e crianças nesta semana santa.
O Dom Roberto remontou penosamente a forte corredeira Guaporé, própria desta época de chéia. Problemas na bomba de água atrapalharam todo o percurso, tendo que trocar duas vezes de corréia. Porém tocando o leme dia e noite, ainda sobrou tempo para pescarias de piranha e para uma parada no meio dia, respeitando o dia santo da sexta feira. Pela noite do domingo de Pásqua o barco estava em Rolim de Moura.
Pelo caminho, rápidas paradinhas em Costa Marques, Santo Antônio e Pedras Negras permitiram conhecer também a evolução das comunidades quilombolas nestes meses.
Enquanto em Surpresa começava na segunda feira a Romaria do Divino de 2010, os wuajurus se encontravam, irmâs com imâs, parentes com parentes, reforçando os lazos de identidade enfraquezidos pela dispersão, reunidos em assembléia.
Com presença de representantes do CIMI, da Funai, do Ministério Público Federal, da Secretaria Municipaç de Educação e da Polícia Forestal sediada em Rolim do Guaporé, diversos assuntos foram tratados.
Um dos desejos, de visitar o lugar de origem, o Cerrito, não foi possível realizar por estar o rio entupido de cochas e a estrada por terra trancada com cadeado.
Porém o retorno na terra tradicional recebeu notícias animadoras do MPF, anunciando que o departamento de demarcação de terras da Funai já disponibilizou recursos no orçamento deste ano para começar um estudo preliminar oficial.
Não somente das terras wuajurus, mas também dos Cojubim, no Rio Cautário, e o GT dos territórios miqueleno e puruborá.
Apesar da destruição que algumas pessõas, sem consciência do valor do patrimônio arqueológico, ainda em toda a beira do rio de Rolim é possível observar potes enterrados no chão da cerâmica que deu fama a Missão de São José.
Eu mostrei alguns destes pedaços recolhidos no chão pelas ruas aos alunos da escola, para os quais expliquei as origens dos povos indógenas e quilombolas na região, com as sucessivas colonizações e frentes de penetração.
Rolim de Moura do Guaporé vive um momento de especulação mobiliária provocada pela abertura da estrada até a Baia da Ponte e uma forte presença de turistas e pescadores amadores no tempo da seca. Os originários do lugar, que cuidam das praias i da preservação dos quelônios, sentem que a pesca já diminuiu com a abertura da estrada e a chegada massiva de pescadores sem muito controle. A administração tem distribuido datas para construção de casas, porém os filhos da terra não tem recebido delas.
Por outro lado, a través do Programa Terra Legal, que começar a regularização fundiária, sem que ainda esteja resolvida a criação dos territórios quilmbola e indígena na comunidade.
De retorno, as famílias wuajurus visitantes não carregavam somente macaxeira, carne ecomida fornecida pelos parentes de Rolim. Também mudas de banana, sementes de fruteiras, de feijão, ramos de macaxeira para plantar, galinhas e até cachorrinhos.

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domingo, 28 de março de 2010

O "Dom Roberto" no porto de Costa Marques


As águas estão bem altas no porto de Costa Marques, e o barco da Pastoral Fluvial está esperando por novas viagens no Guaporé.
Foto: Regis



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domingo, 3 de janeiro de 2010

Missão na Diocese de Humaitá - Amazonas



A pedido das Irmãs que atendem os ribeirinhos da Diocese de Humaitá, o Pe. Irço Ferreira das Neves foi celebrar nas comunidades do Rio Madeira e lagos Baetas e Acará de 14 de Novembro à 07 de Dezembro de 2009.

Avaliação:
Batizados: 28.
Primeiras Eucaristias: 28.
Celebrações: 22.
Unção de doentes: 3.



Membros da Equipe:

Salvador Evangelho de Castro.
Sebastião (Sabá) Barbosa Moreiro.
Ir. Iandra Jaqueline Conrado.
Ir. Angélica Tonetta.
Pe. Irço Ferreira das Neves.


Pontos Positivos: Celebrações e reencontros com as comunidades, preparo das próprias comunidades (fogos, cantos, ornamentos, primeiras comunhões bem preparadas pela catequese, boa participação das pessoas. Partilha no falar e no dízimo, comunhões e partilha e oração comunitária. Respeito com as lideranças. Respeito pela presença do Padre. As famílias com situação razoável, tendo alimento suficiente.


Consciência da preservação dos lagos e caças. Alegria pelo gesto de bombons oferecimento às crianças. A maneira de valorizar as crianças nas brincadeiras e na liturgia por meio de cantos novos. Bom entendimento da equipe, espírito de oração, de horário. Atendimento ao pedido das irmãs, disponibilidade dos membros da equipe na refeição.


Dificuldades: Entre comunidades, fofoca, bebidas, não participação de algumas famílias.



Fotos Ir. Iandra.
Ribeirinhos do rio Madeira na Diocese de Humaitá, 06.12.2009.






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