domingo, 22 de novembro de 2009

Ataques contra bispo e padres de Guajará Mirim

ATAQUES CONTRA BISPO E PADRES DE GUAJARÁ-MIRIM
EM SÃO FRANCISCO DO GUAPORÉ - RO

O povo católico de São Francisco do Guaporé ficou revoltado pelos ataques e calúnias contra seu Bispo, Dom Geraldo Verdier, contra um padre de sua diocese, Padre Josep Iborra Plans (Pe. Zézinho) e contra o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), por parte de políticos do Município de São Francisco e por um Deputado Estadual de Rondônia.
A Audiência Pública, convocada pela Câmara dos Vereadores, aconteceu no dia 7 de novembro de 2009, na Linha 6 de Porto Murtinho, na Escola Polo Pereira e Cáceres, com a presença de 150 pessoas. O Senador Valdir Raupp e a Deputada Marinha Raupp estiveram presentes numa parte da audiência. Foi depois da saída deles que o ambiente se tornou de uma violência intolerável, chegando até à instigação do povo para a efusão de sangue! Vamos aos fatos.

1. Ausência do Bispo na Audiência
O Senhor Prefeito de S. Francisco do Guaporé, Sr Jairo Borges Faria chamou a atenção do Bispo Guajará-Mirim de modo inconveniente : “Cadê a Igreja? Cadê o bispo? Eu quero o bispo aqui explicando para a gente o que realmente está acontecendo, porque eles querem tomar nossas terras! Porque o Bispo não veio a esta audiência?
- Senhor Prefeito, em 31 anos de administração diocesana, jamais falhei a um compromisso assumido. Jamais fugi de uma situação de crise, de violência, de injustiça atingindo meus diocesanos. Se não estive presente em São Francisco (1.000 km de Guajará), é simplesmente pelo fato que o Presidente da Câmara não me informou, nem me convidou por internet, telefone ou fax, nem por intermédio do Pe da Paróquia, Pe Francisco Trilla.
Quanto à grave acusação : “Estes padres não gostam de quem planta na terra, eles querem que a gente passe fome, se humilhe na fila do sopão, que a gente fique mendigando e passando necessidade”, estas palavras demostram que Va Excia não conhece a atuação dos padres, das Irmãs e dos leigos voluntários da Igreja Católica nesta região, desde 1932. A Igreja mantém obras sociais e promocionais como o HOSPITAL BOM PASTOR (45 anos) e a Escola Profissionalizante “CENTRO DESPERTAR” (20 anos) em Guajará-Mirim, para 500 alunos, e agora está formando 1.000 operários, a pedido da Firma “Camargo Correia”, para a Barragem de Jirau. A diocese construiu, ainda em Guajará-Mirim, uma bela e espaçosa casa para os anciãos, a CASA SÃO VICENTE DE PAULO. Além do mais, criou em Costa Marques, há quarenta anos, um JARDIM DE INFÂNCIA, “BEIJA FLOR”, que forma 350 crianças, a maioria de famílias carentes. Em termos de promoção social, o padre Zezinho espalhou dezenas de placas solares para os ribeirinhos e colonos do Vale do Guaporé, e por iniciativa dele um grupo de 26 agricultores das paróquias desta região, dois deles das Linhas de Porto Murtinho, são beneficiadas por um projeto de agroecologia, e a Igreja Católica tem financiado a construção dos dormitórios da Escola Família Agrícola (EFA) de São Fancisco do Guaporé.. Temos ainda um escritório para a documentação dos Bolivianos no Brasil e uma equipe que financia telhados para os carentes, construindo sua primeira casa.
E quando Va Excia fala de “humilhar-se na fila do sopão”, lembro que aqui, em S. Francisco do Guaporé, o Irmão José Maria Sala atende no seu sopão, há quase 7 anos, com recursos próprios e do povo generoso desta cidade, 2 vezes por semana, 30 famílias carentes! Sopão que, infelizmente, poderá ser fechado por falta de ajuda suficiente, pois recebe apenas 400 RS mensais de vossa administração municipal.

2. Graves acusações do deputado Estadual Lebrão
O senhor José Eurípides Clemente (deputado Lebrão) foi mais contundente ainda em suas ofensas e acusações. Isto me choca tanto mais, este que sempre me manifestou respeito e atenção. Nesta Audiência Pública ele passou dos limites.
O primeiro ataque frontal foi contra os estrangeiros: “Não sei por que têm tantos estrangeiros aqui nessa região? Eles são todos espiões! Querem explorar nossas riquezas”.
Deputado, todos entenderam que Va Excia se referia ao bispo e aos padres Claretianos da região. Dizer que “são todos espiões” é uma calúnia e uma injustiça que ofendem toda a Igreja Católica!
Enquanto ao número de estrangeiros, quero salientar o seguinte: Pe José Roca, Irmão José Maria, Pe Zézinho e eu mesmo somos naturalizados brasileiros. Uma vez aposentado, pretendo deixar meus ossos na beira do Guaporé, nesta terra e no meio deste povo que amo e que me manifesta tanto carinho. Para tranquilizá-lo, informo que os três quartos de meus padres são brasileiros natos!
Nem acreditei quando li no relato da Audiência esta afirmação que muito me chocou: “Basta olhar para os meninos de olhos azuis correndo por ai e perguntar de quem são filhos?”. Esta infeliz ironia machucou o povo católico que conhece a dignidade de vida de nossos padres e sua dedicação.
Enfim a declaração mais grave: “Vocês, moradores, precisam defender suas terras com unhas e dentes, nem que corra sangue na canela!”. Deputado, esta incitação à violência dá a impressão que regredimos num tempo em que a Amazônia era uma terra sem lei! O que não é o caso, o senhor bem sabe!

Tudo isso me deixou estarrecido! Passamos agora à posição da Igreja no conflito entre colonos e índios, que motivou a Audiência Pública: .

Sabemos que anos atrás, ali no Limoeiro e no Rio Mané Correia , tinha índios e foram expulsos de suas terras. A história nos diz isso e os documentos o comprovam.
Sabemos que muitos posseiros, vieram de outros lugares à procura de um pedaço de terra para o sustento de suas famílias, sem saber se ali seria área indígena ou não. Muitos morreram com malária e outras doenças. Outros não suportaram o sofrimento e foram embora. Mas muitos resistiram às doenças, estradas ruins, dificuldades financeiras e etc. E hoje, essas pessoas se encontram com a grande preocupação de perderem suas terras.
A igreja, nem o CIMI, tem poder de decidir se as terras voltam para os índios ou se ficam com os posseiros. Isto é privilégio e dever dos orgãos governamentais, que só respondem pela demarcação de terras.
Portanto, a Igreja e o CIMI não respondem pela demarcação de terras, como alguns dizem ou pensam. A Igreja, porém, não pode ficar fora da luta. Ela sempre está e estará ao lado dos mais injustiçados e sofridos.
Nós, Bispo, Padres, Irmãs, missionários leigos, brasileiros e estrangeiros não possuímos nenhumas terras aqui. Somos simplesmente enviados em missão de evangelizar e de lutar por um mundo mais justo.
O Padre Zezinho, o mais criticado, tem visitado as comunidades dos ribeirinhos e ajudado naquilo que ele pode. Não existe nenhum político que tenha feito um trabalho a favor deste povo ribeirinho (saúde, reconhecimento das comunidades quilombolas e placas solares) como o padre Zezinho, povo esse, que muitas vezes fica abandonado pelos políticos.
Nós como Igreja, vamos continuar fazendo a nossa parte. Por isso, diante dos fatos ocorridos, declaramos que:
• Os Índios Puruborá têm o direito de recuperar uma parte das terras que lhes tiraram; e os Índios Miguelenos têm o direito de voltar à área do Limoeiro que eles reivindicam.
• Nenhum pequeno produtor que conseguiu sua terra com esforço e dignidade, perca esta terra ou seja prejudicado.
• As autoridades responsáveis pela demarcação de terras agilizem esta demarcação, para que todos, índios e colonos, tenham paz e possam viver como irmãos.
• Qualquer pessoa, antes de acusar a Igreja, procure conhecer o trabalho que ela realiza com amor e justiça há décadas!

Dito isto, vamos continuar, com serenidade e confiança em Deus, o nosso trabalho de evangelização e lutar, sem ódio, mas com firmeza, por um mundo de justiça, solidariedade e paz.

São Francisco do Guaporé, 20 de novembro de 2009


Dom Geraldo Verdier
Bispo de Guajará-Mirim



Leer más…

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Reforma do barco Dom Roberto

O dia 20 de setembro um forte temporal de chuva e vento pegou de lado e tombou o barco da Pastoral Fluvial, que estava varado na praia de Curralinho, durante o Festival de Praia de Costa Marques.

Ninguém estava no interior do "Dom Roberto" e graças a Deus ninguém se feriu. Não foi difícil ergue-lo de novo naquele lugar, quase raso, porém as autoridades da Marinha de Guajará Mirim, que estávam fiscalizando o evento, apreenderam o barco e exigiram em praço de noventa dias apresentação de "laudo técnico quanto a estabilidadse da embarcação".



O único engenheiro técnico naval habilitado de Rondônia é o senhor Eleazar Ramos Gálvez, de Porto Velho, que pediu 1.500,00 $R para realizar o laudo técnico exigido pela Marinha e dictaminou a necessidade de reformar o barco, desmachando todas as cabinas do segundo andar, a exeção da cabina de pilotagem, autorizando em contrapartida a fechar o andar inferior.




O construtor do barco, Jeová Marcolino da Silva, está realizando esta reforma, para a qual foi necessário compra de chapa galvanizada, madeira, tinta e materiais diversos, com elevado custo para a Pastoral Fluvial. Estes custos estão sendo calculados na faixa de 5.630,00 $R.


Estamos confiantes que o barco possa estar funcionando e liberado para as celebrações natalinas nas comunidades do Rio Guaporé. O prejuiço econômico será grande, porém esperamos que esta reforma aumente as condições de segurança na navegação, a fim de que no trabalho missionário da Pastoral Fluvial ninguém venha a sofrer nenhum acidente.

Daqui fazemos um chamado a quem quiser ajudar contribuindo nas despesas, entrando em contato com a diocese de Guajará Mirim a través deste blog ou do site: www.dgm.org.br. Obrigados. Pe. Josep Iborra.


Leer más…

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Briga de igrejas na área Indígena Rio Branco

Três igrejas pentecostais estão brigando por conseguir adeptos entre os indígenas da Área Indígena Rio Branco, de Rondônia. Além dum pastor indígena do povo terena, que alguns anos atrás construiu sua primeira igreja na aldéia de São Luiz do Rio Branco, agora um indígena tupari deixou o seu emprego como piloto de voadeira da Funasa para se formar como pastor fora de sua região de origem.
Enquanto outros resistem a demonização de seus costumes, como a bebida da chicha e a celebração de festas tradicionais, com danças e cantos. E se declarando católicos: "Eu sou católico desde criança e não largo a minha religião" alguns fazem qüestão de declarar.
A Virgínia e alguns companheiros do CIMI e da Pastoral Indigenista de Ji Paraná, faz muito anos que visitam a área indígena e acompanham a vida deste povo. Eles fazem um bom trabalho animando a organização dos indígenas e lhes ajudando a cobrar políticas públicas das autoridades. Porém agora eles nem querem saber de religião em meio desta briga. "Só falta nós os católicos também contruir capela e fazer batizos", falam para mim.
Pois por minha parte faz anos que me pedem para ir lá no dia 04 de outubro. No meio da assembléia do CIMI em Porto Velho os indígenas do Rio Branco me ligavam perguntando se já estava indo lá para fazer batizados.
Esta é a primeira vez que consigo no dia que els tem constume festejar. Vamos por terra, emprestando o Toyota dos cooperadores de São Miguel e carregando barraquinha, fogão e o motor de rabeta de Costa Marques. Me acompanha o Murilo, da CPT de Uberlândia, e o Víctor Cojubim para pilotar o bote no rio, que o pessoal do Rio Branco vai emprestar para nós.
Seu Anderé e Dona Juracy Macurap tem costume de matar um boi e celebrar todo ano a Festa de São Francisco na sua casa de Barranco Alto, convidando o seu compadre, Seu Tonico e outros amigos brancos, da Comunidade de Nossa Senhora Aparecida e de Santana do Guaporé, do município de São Miguel do Guaporé. Eles moram vizinhos a área indígena e andam três horas pela mata para chegar até a aldéia, ou dão um grande rodéio por Nova Brasilândia atravessando sua moto pelo Rio Branco num bote de remos. O ano passado veio algumas irmâs de São Miguel. Depois da festa algumas famílias indígenas retornam o convite participando o dia 12 de Outubre da Festa da Padroeira da comunidade católica na Linha 109 de São Miguel do Guaporé. Outros como o Rui e o Fernando Canoé fazem qüestão de mantér em pé o cruzeiro que Dom Rey, primeiro prelado da Diocese de Guajará Mirim, ergueu a beira do Rio Branco, lá pelo ano 1936. Foi o Rui Canoé quem me pediu de visitar a Àrea Indígena do Rio Branco. Ele estava visitando sua mãe na aldéia de Ricardo Franco, na AI do Guaporé, quando passei visitando a comunidade. "Lá no Rio Branco não vem nenhum padre, depois que o Pe. Paulo Verdier foi embora". Sempre com muita dificuldade de subir de barco pela boca do Branco, consegui chegar ao Palhal e até a aldéia do Colorado. Em todos os lugares fui muito bem recebido por todo o mundo pedindo de voltar outras vezes para batizar as crianças e celebrar missa. Tinham sobrado umas placas solares de Ricardo Franco, e eles aceitaram alegres de recebe-las.

Quando consegui a primeira vez chegar até São Luiz o Rui Canoé me contou que ele era devoto do Divino, a grande devoção do Rio Guaporé. "Aqui todo ano matamos um boi o dia da Festa do Divino". Diz que quando veio o pastor crente ele ajudou a construir a igreja e que um dia contou para o pastor: "Minha mãe estava doente de uma perna e não conseguia sarar. Fizemos uma promesa ao Divino e ela curou. Depois quando viemos morar aqui em São Luiz, o nosso gado não parava de morrer ervado ou por outros motivos. Fizemosa promesa de oferecer todo ano um boi para a Festa do Divino e o problema como o gado acabou." O pastor lhe respondeu: "O demônio as vezes faz coisas erradas para confundir a gente". O Rui diz para mim: "Eu sou católico. Eu não fui mais na igreja crente. Quero que o senhor me arrume uma Bandeira do Divino para continuar festejando o seu dia". O ano passado levei a Bandeira que a Irmandade cedeu para eles do cofre do Divino.

Quando comecei a fazer rezas na Área Indígena, eu dizia para eles que católico não quer tirar nenhuma cultura indígena, que quando o povo morava nas malocas, antes de conhecer a Bílblia e qualquer tipo de escrita, o Espíritu Santo de Deus já tinha espalhado sua luz e sabedoria nos seus antecessores para que vivessem e vivessem muito bem. Por isso eles tinham que ter muito respeito pelas histórias que contam os mais velhos, pois elas foram inspiradas também por Deus pra aseu pais e avôs. Para eles são verdadeira Palavra de Deus.

Uma vez contei para o professor de Colorado, um dos poucos que já começou a escrever na língua tupari, que a Bíblia, antes de ser escrita, também era somente contada nas histórias que os mais velhos aprendiam e contavam para os seus netos. Somente depois começou a ser escrita. "Então, as histórias que nós conhecemos são a nossa Bíblia", ele disse, brilhando os olhos. Isso mesmo, confirmei: "São a Bíblia de vocês". Depois eu tenho repetido isso muitas vezes.

Por isso nas celebrações, no começo, eu levava um livro da Betti Midlin com lendas recolhidas dos povos macurap, tupari e jabuti. Eu animava no começo da celebração a contar alguma história indígena, ou pedia para ler alguma das histórias. Eu tinha visto fazer isso aos meus companheiros claretianos do Panamá, que faz décadas trabalham com o Povo Puna, em ilhas do Oceano Atlântico. Aos poucos, alguém se animava a contar alguma história.

Desta vez o fizeram seu Anderé e dona Juracy Macurap, na celebração do dia 04 de Outubro. Eles nos contam a história duma personagem mítica, o criador da origem do povo macurap, que eles identificam com Jesus, e duma mulher, irmâ do primeiro, que identificam com a Virgem Maria. Seu Tonico e os amigos católicos jamais tinham ouvido contar histórias assim. Por nossa parte, nós puxamos parte do terço e lemos a oração de São Francisco que tinha trazido Seu Tonico e cantamos diversos cantos de igreja, antes do almoço festivo.

Já em Jatobá, nos espera o Luiz para batizar o seu filho caçula. O Luiz é piloto da voadeira da saúde e é filho de pai branco e mãe indígena. Como padrinhos tinha escolhido um jovem casal de Alta Floresta, que trabalha na Funasa. Eles queriam ser compadres. O batismno de crianças é uma clara ocasião de fazer aliança, de selar uma amizade. O compadrio é uma instituição que cria parentesco e compromisso de mútuo apóio. O Luiz conta: "Alguns crentes já me tem chamado de 'demôniozinho', brincando comigo, pois eu não abro mão de minha costume de preparar e beber chicha nas festas. Eu não aceito isso. Eu sou católico e exijo respeito para com nossas costumes". Celebramos o batismo na casa de chicha. Depois do batismo continua uma festa dançante animada pela música de som do carro dos padrinhos, com presença de muitos vizinhos.

Lá mesmo achamos o Dario. Sua sogra, Dona Entelvina, é uma das anciãs do povo tupari, que lembra dos cantos, danças e histórias tradicionais. "Dona Etelvina já está lhe esperando para contar algumas histórias", me diz o Dario. Ele se adianta na viagem. Nós somente conseguimos chegar no Palhal depois de dois dias de viagem de rabeta. Dona Etelvina já estava preparada para contar sua história: "As crianças já não querem me ouvir", reclama dos jovens i crianças do Palhal. Porém na celebração eles escutam a história do homem que anunciou para sua mulher e família que iria morrer, porém que cinco dias depois ele iria voltar vivo. Quando morre, os seus não acreditam no seu retorno, e sem atender seus desejos, choram e fazem luto por ele. Quando ele volta, cinco dias depois, ninguém está esperando por ele e não é bem recebido. Chateado, acaba indo embora para sempre. A história tem paralelismo claro com o anuncio da ressurreição de Cristo ao tercer dia, porém o resultado é bem diferente. Eu tinha arriscado rezar uma missa e explico com dificuldade o sentido do pão e do vinho da eucaristia, deixados por memorial do corpo e sangue de Jesus antes de sua morte. Lemos a leitura do evangelho dia da Aparecida: o milagre das bodas de Canáa. "O que acham, Jesus se morasse aqui iria gostar de chicha?" Todos acham que sim. Assim, o Misterio da Vida e da Morte se encontram para partilhar a nossa realidade humana e mortal a luz da fé e da revelação.
O Dario ja pediu em fevereiro ajuda para construir uma capela católica no Palhal, e me repassou uma lista do material que seria necessário para construir uma capela de madeira serrada e telhado de palha. Porém eu tinha perdido a lista. Ele faz outra nova que não esquece de me entregar.

Além disso, paro em outras comunidades, como em Encrenca, Serrinha, Cajuí, Colorado. Ninguém fala em reza e eu fico quieto. O pessoal da associação indígena agradece a ajuda que o barco da Pastoral Fluvial deu para traslhadar um gado, quando não tinham nenhuma chata para o serviço. Eles pedem para lhes ajudar a conseguir e instalar um motor de centro numa chata de 3x10 m. que tem construído em Versalhes e que na próxima semana querem subir para o Branco.

A guerra de religiões está virando uma guerra de favores. Quem batiza na igreja crente consegue carona do pastor para ir até Alta Floresta comprar rancho. Quem desvia da igreja não vai mais. Eu comecei instalando placas solares e para mim alguns pedem lâmpadas ou uma placa solar, pois as que instalamos não deram para todo o mundo. Eu liguei para os responsãveis do programa Luz para Todos e confirmaram para mim, antes da viagem, que a construão da linha de energia para São Luiz já está em "fase de excução". A linha chega até depois do distrito de Geaze, a uns trinta quilômetros de São Luiz. Em realidade não achamos no caminho ninguém trabalhando nela, nem vemos postes, nem material, nada. "Uma empresa começou a furar os buracos dos postes, porém desistiu". Contam os indígenas.
A metade de caminho de Alta Floresta uma represa do Grupo Cassol está acabando de ser construída, contra a vontade deles, inclusive destruindo um antigo cemitério do povo Jabuti. E eles continuam sem energia. Querem as placas solares, porque não confiam que a energia das PCH chegue para eles. "O pastor conseguiu para mim a bateria", confessa um morador de Encrenca.
Um numeroso grupo está subindo num bote para assistir a um congresso da igreja em Pimenta Bueno. Em Jatobá, onde começa a estrada de chão, nós deixamos o Toyota. Eles chegamn para pegar o caminhão que os levará. O pastor deixou para eles motor, gasolina e diesel para a viagem. Muitas mulheres esperam vender artesanato lá em Pimenta Bueno.
Fico me perguntando como nós temos que dançar nesta dança. Já em São Luiz outra liderança da aldéia Bom Jesus para o carro, para pedir também placas solares: "A bateria, a gente da um jeito". Com algum pastor, seguramente.

Leer más…

MPF faz reuniões com quilombolas de Rondônia



Em parceria com a CPT Rondônia ajudamos a convocar e organizar no dia 01 de Outubro de 2009 uma reunião em Costa Marques do Ministério Público Federal com representantes das comunidades quilombolas de Rondônia. Vejam uma crônica que apareceu no site Observatório Quilombola nestes dias. As fotografias são cedidas por Murilo de Souza.

"Seis comunidades quilombolas reuniram-se com procuradores da República e relataram suas dificuldades
Na última semana, representantes do Ministério Público Federal (MPF) em Rondônia fizeram reunião com as comunidades quilombolas que moram nos municípios de Costa Marques, São Miguel do Guaporé, São Francisco do Guaporé e Pimenteiras do Oeste. A reunião ocorreu no salão paroquial da igreja matriz de Costa Marques. Os procuradores da República Daniel Fontenele e Lucyana M. Pepe Affonso de Luca ouviram dos quilombolas as dificuldades por que passam em suas comunidades. .
Eles vão acompanhar a destinação de recursos do governo federal e cobrar que as prefeituras e outros órgãos públicos atendam aos quilombolas e apresentem projetos em benefício das comunidades. Compareceram à reunião representantes das prefeituras de Costa Marques e São Francisco do Guaporé e da Secretaria Estadual de Assistência Social.
Todas as comunidades quilombolas enfrentam problemas em comum: falta de demarcação de suas áreas, dificuldade no acesso às cidades, precariedade no atendimento à educação e saúde, não fornecimento de energia elétrica (exceto Forte Príncipe e Pedras Negras), não fornecimento de água e saneamento básico e falta de desenvolvimento de projetos e atividades sustentáveis. Em Costa Marques existem duas comunidades quilombolas: Santa Fé, com 86 habitantes, e Forte Príncipe da Beira, que tem 314 moradores. A prefeitura de Costa Marques estava presente à reunião e afirmou que fará atendimento local nas próprias comunidades de Santa Fé e Forte Príncipe da Beira. O MPF irá fiscalizar a implantação deste atendimento. A prefeitura também informou que não há recursos no orçamento deste ano para atender o pedido de construção de uma escola na comunidade Santa Fé e que planeja implantar um sistema de ensino modular no local. O MPF pretende viabilizar um acordo com a Universidade de Rondônia e o Incra para que antropólogos realizem o levantamento necessário à demarcação daquele território quilombola.

Na comunidade de Forte Príncipe da Beira, os quilombolas sentem-se ameaçados pelo Exército. Reconhecidos pela Fundação Palmares como quilombolas, eles ainda não possuem assistência pública da prefeitura. Eles solicitaram apoio do MPF para solucionarem os problemas de relacionamento com o Exército e a falta de assistência por parte do poder público municipal.
Em São Francisco do Guaporé, existem as comunidades Santo Antônio do Guaporé (66 moradores) e Pedras Negras (97). A primeira tem “ambulancha” (lancha-ambulância), mas não tem o combustível para seu funcionamento. O posto de saúde é precário, mas há remédios básicos. Não tem agente de saúde. A escola está sem carteiras, sem paredes e é multisseriada. A prefeitura disse que pretende construir uma escola na localidade. Os quilombolas de Santo Antônio estão dentro da reserva biológica Guaporé e querem a demarcação das terras. Os quilombolas relataram que reportagens divulgadas sobre racismo e contaminação por HIV (Aids) prejudicaram a imagem dos moradores.
Na comunidade Pedras Negras, os moradores estão em uma reserva extrativista estadual e enfrentam problemas na área de demarcação de terras, saúde e educação, tendo um posto ainda em construção, uma escola antiga em madeira e dificuldades no acesso à cidade.
A comunidade de Jesus (60 habitantes), em São Miguel do Guaporé, e a comunidade de Laranjeiras (6 famílias), em Pimenteiras DOeste, pediram intervenção do MPF para solucionar problemas em saúde e energia elétrica, além da necessidade de agilizar as demarcações de seus territórios."

Fonte: Na Hora Online em 09/10/2009

Leer más…

domingo, 27 de setembro de 2009

Chico Mendes deve estar removendo-se dentro do seu túmulo



Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido por Chico Mendes, deve estar se removendo dentro do seu túmulo, depois de ver o que em seu nome está fazendo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO). Este organismo criado no ano passado pelo Ministério de Meio Ambiente tem como missão a gestão das unidades de conservação federais.
Porém Chico Mendes defendeu a natureza pensando em seu povo, os seringueiros que sofriam as consequências da destruição da floresta. Enquanto que o ICMBIO está atacando duramente algumas comunidades tradicionais que durante séculos viveram em harmonia com a natureza.
Não estou me referindo a invasores de unidades de conservação, como a Flona de Bom Futuro. Finalmente lembraram que esta reserva federal existia, depois que ela fosse invadida e destruída a maior parte. O trabalho atual do Instituto Chico Mendes para tirar os invasores merece todo o meu respeito e possivelmente teria também a simpatia de Chico Mendes.
Estou me referindo à comunidade quilombola de Santo Antônio do Guaporé. O local desta comunidade foi incluída na Reserva Biológica do Guaporé, criada em 1982, acima do mesmo local onde a comunidade morava, trabalhava e ocupava fazia séculos. Para eles no começo prevaleceu o bom senso, deixando que a comunidade continuase permanecendo no mesmo local, até agora.
Porém o bom senso não parece estar guiando os atuais responsáveis do ICMBIO, que aqui e em outros lugares resistem a legalizar o direito constitucional das comunidades quilombolas e tradicionais a seus territórios. Numa reunião acontecida a finais de agosto, um diretor do ICMBIO de Brasília apresentou para a comunidade um termo de compromisso inaceitável. Este documento exigiria aos membros da comunidade pedir autorização para realizar qualquer actividade, seja agricultura, criação de animais, caça o pesca de subsistência, construção de casas e até para tirar palha para os telhados.
Em síntese, exigiria autorização para tudo, restringindo qualquer atividade dos moradores da comunidade. Até qualquer parente ou visitante que quiser ir na comunidade teria que tirar autorização no Ibama de Costa Marques. Até para rezar missa na capela da comunidade teria que tirar autorização.
Com esta proposta os responsáveis do ICMBIO perderam uma boa aoportunidade para abrir um diálogo frutífero com a comunidade, que durante décadas vem sofrendo esta agressão: A criação duma reserva biológica que não teve em conta os moradores que já existiam no lugar, e que acabou tornando o Ibama em invasor do território tradicional da comunidade quilombola. Precisamente porque eles tinham vivido durante séculos de forma sustentável, mantendo e cuidando a natureza, como continuam a o fazer até agora.
Já estaria na hora do ICMBIO começar a ver as comunidades tradicionais como seus possíveis aliados para conservar e guardar as reservas e unidades de conservação. Já está passando da hora de reparar a injsutiça histórica cometida na criação da reserva biológica e devolver o território que é deles para à comunidade, para uso e manejo sustentável no entorno da Reserva Biológica.


Neste sentido, os responsáveis brasileiros das unidades de conservação teriam que olhar para o exemplo de gerenciamento de seus vizinhos bolivianos, do AP-ANMI Iténez, que mantém áreas de manejo sustentável das comunidades junto com outras áreas de natureza intocada. Este modelo misto parece estar dando muito bons resultados.
Porém o Termo de Compromisso apresentado pelo Instituto Chico Mendes seria uma proposta ridícula e absurda, se não tivesse resultado extremamente humilhante para os moradores da comunidade quilombola: "Já não estamos mais no tempo da escravitude" reclamaram. Até que parece que os responsáveis do ICMBIO ainda não se deram conta.

Leer más…

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A natureza agradece


Logo que reduziram as queimadas, as chuvas aumentaram. Este periodo era o pior tempo do ano em Rondônia, quando as queimadas multiplicavam-se por todos lados

Calor asfixiante e fumaça convertiam o ambiente em irrespirable. O fogo se alastrava sem controle, queimando pastos, cafezais, árvores e a floresta reseca. Ninguém conseguia segurar o fogo.

Contra minhas próprias previsões, este é o segundo ano que a gente sentiu notável redução das queimadas em Rondônia. Deve ter sido resultado das intensas fiscalizações das autoridades e organismos públicos ambientais, aplicando rigurosas multas.
Não estou dizendo que ninguém tenha derrubado e queimado floresta: Tem pessoal teimando, sim. Porém, depois de tantos anos de pressão internacional por salvar a Amazônia, o governo do Brasil começou a aplicar alguma política efetiva de contenção da desflorestação.
O que tem sido incrível é que os resultados no meio ambiente tem chegado de forma imediata. Poucos anos atrás um comentarista de Porto Velho escrevia: calor intenso, ambiente asfixiante... Aquí o aquecimento global não é previsão científica, ele ja está acontecendo mesmo. Porém este ano as chuvas começaram mais cedo, chovendo bastante em agosto e aumentando em setembro.
Em alguns lugares está parecendo que já entramos na época das chuvas. As árvores da mata florescem por todas partes. Os agricultores alegres com os cafezais cheios de carga. Alguns já se animaram a plantar mais café: até pouco o fogo era uma ameça constante, impedindo culturas permanentes. Por todas partes os pastos estão verdes, as vacas gordas, de ubres cheias de leite. O nível do Rio Guaporé está alto para o tempo e parece que já não secará mais este ano.
Valeu o sacrifício de começar a parar de derrubar e queimar a mata. A luta do mundo pela Amazônia começa a dar resultados. E o ambiente está respondendo com generosidade, com chuvas abundantes. A natureza agradece.

Leer más…

domingo, 30 de agosto de 2009

A malária aumenta com as Hidreléctricas do Rio Madeira



"A construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), fez com que o número de casos de malária no distrito de Jaci-Paraná aumentasse 63,6%".

Afirma Sabrina Craide, repórter da Agência Brasil. Ela cita como fonte os registros do Departamento de Vigilância Epidemiológica e Ambiental de Porto Velho: De janeiro a julho de 2008 foram registrados 931 casos de malária na localidade e, no mesmo período deste ano, o número subiu para 1.524.

Para a diretora do departamento, Rute Bessa, os números podem ser explicados pelo aumento da população do distrito, que praticamente triplicou desde o início das obras da hidrelétrica. “As pessoas que trabalham na Hidrelétrica de Santo Antônio [também no Rio Madeira], devido à proximidade, moram na cidade. Em Jaci Paraná, os trabalhadores da hidrelétrica de Jirau ficam num alojamento no local das obras, então acabou aumentando muito a população do distrito”, explicou. Jaci-Paraná fica a cerca de 80 quilômetros de Porto Velho.

Apesar que a Energia Sustentável do Brasil, concessionária responsável pela Usina de Jirau, afirma realizar esforços para que não apareça um surto de malária na região, os dados confirmam um dos temores existentes desde os primeiros debates sobre as Hidroeléctricas do Río Madeira: A possibilidade que se repita a epidemia que houve durante a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, a inícios do século XX.

Leer más…

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Alimentação sadia e abundante


Na faltou alimentação saudável e abundante produzida pelos próprios agricultores na região da BR 429, em Costa Marques, freqüentando a quarta assembléia geral do projeto Natureza Viva do Vale do Guaporé.
Exceto o peixe no domingo, comprado aos pescadores Guaporé, todos os alimentos e bebidas nos dias do encontro foram alimentos orgânicos, produzidos sem a utilização de pesticidas, após recuperação de terras e técnicas para cuidar do meio ambiente.
Para se encontrar, os participantes percorreram até 220 quilômetros de estrada empoeirada. Porém uma vez iniciado o encontro, junto aos técnicos que lhes orientaram con métodos ecológicos, cada familia apresentava com orgulho uma mostra dos frutos e produtos orgânicos de suas árvores, hortas, pastos e galhineiros, que depois lhes serviram de base para a comida da reunião.
Na troca de experiências realizadas por cada agricultor em sua terra, não faltaram relatos de fracassos, como a família que plantou maracujá, e viu todas as plantas morrerem sem alcançar métodos naturais combater a causa da doença. Também dos fracassos a gente deve tirar aprendizagem.

Mais sucesso e felicidade tiveram aqueles que viram revitalizar seu café e produzir grãos de melhor qualidade, depois que eles pararam de utilizar herbicidas, colocaram adubação verde e utilizaram sombreamento nas prantas. Uma cooperativa, Coacaram, comercializa os seus produtos com preços significativamente melhores.

Outro momento importante foi a troca de sementes selecionadas: O Urucum, corante natural cada vez mais valorizado economicamente, ou as sementes que algumas famílias tinham guardado desde o tempo de seus avós, assim como os diferentes ramos de mandioca esquecidos, e algumas sementes de hortaliças, plantas caipira e espécies quase desconhecidas, como o camu-camu, um suco de frutas vermelhas com elevada concentração de vitamina C.

O sábado à tarde fomos visitar o principal monumento histórico da região: O Forte Príncipe da Beira. E também a Lagoa Azul, a pequena propriedade de Seu Bernardo, um pioneiro da ecologia, que em bem pouca terra conseguiu plantar milhares de árvores e imensa variedade de espécies vegetais. Com habilidade com a sua esposa fabricam mobiliário artesanal com produtos extraídos da floresta e conseguindo viver com dignidade. "Antes me chamavam de doido, quando eu subia nas árvores para recolher sementes. Hoje não o faço mais sozinho, me acompanham estes jovens que estão estudando na Escola Família Agrícola e envolvidos no projeto Natureza Viva" dizia com orgulho de mestre auto-didata.
A Assembleia reafirmou a minha esperança na agricultura familiar e ecológica, como a melhor alternativa para este mundo mergulhado na crise alimentar, devido à especulação e consumo excessivo.
Nestes dias, quase de férias, este grupo de 24 famílias (mais algumas outras famílias interessados em conhecer o seu trabalho) foi realizada a preparação para o quarto ano deste projecto de agroecologia, que financia um Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da Conferência Episcopal Italiana.



Leer más…

domingo, 12 de julho de 2009

Morreu Seu Romão, líder quilombola


Parece que vítima do mal de chagas, uma destas doenças esquecidas das regiões tropicais, morreu Seu Romão Calasanç, liderança da comunidade quilombola de Santo Antônio do Guaporé.
Seu Romão era um dos muitos filhos e filhas que teve Paulo Calasanç, que em 1902 já tinha nascido em São Antônio do Guaporé. Hoje boa parte dos moradores da comunidade são descendentes dele.
Nos anos mais críticos da comunidade, quando foi criada a Reserva Biológica do Guaporé, seu Romão conseguiu unir a comunidade, e com ajuda do Pe. Paulo Verdier e de Dom Geraldo, bispo de Guajará Mirim, resistir durante décadas ao Ibama, evitando a expulsão do seu território tradicional.
Quando um dos seus sobrinhos foi assessinado, possivelmente por um pescador furtivo, Romão adotou o filho do seu sobrinho. Lá pelo mês de maio consegui visitá-lo em Porto Velho, em casa de sua irmâ, onde parava fazia mais de ano, depois de tiver precisado tratamento por problemas de coração. "Estou me cansando muito" me diz. Estava esperando uma cirurgia que não chegou a tempo para ele.

Seguramente morreu do Mal de Chagas, esta doença transmitida pelo barbero, que parecia não exitir em Rondônia. O chagas pode tardar anos em aparecer e na pior das situações, acabar dilatando o coração e provocar a morte.
Esta é uma das doenças que preocupa a OMS (Organização Mundial de Saúde)dentro do seu Departamento de Control de Doenças Tropicais Desatendidas. "(Negligenciadas)", me confirma o doctor Pedro Albajar, un médico brasileiro-catalão que esteve por dois anos trabalhando no Vale do Guaporé. Hoje ele acompanha desde a sede da OMS a situação mundial desta doença, que afecta alguns dos grupos mais humildes da humanidade. Será que entre eles também os quilombolas do Guaporé?
Fotos: Seu Romão e o seu afilhado em Santo Antônio. Em Porto Velho este ano, com sua irmâ e sobrinha. Alguns de seus irmãos, irmâs e uma sobrinha, na sua casa, durante a passagem da Coroa do Divino.

Leer más…

sexta-feira, 15 de maio de 2009

115 Romaría do Divino


O dia 13 de Abril começou a 115 Romaria do Senhor Divino Espírito Santo no Vale do Guaporé. Os primeiros dias, seguindo a programação, foi recolhida a Coroa e o cofre do Divino da Igreja de Pimenteiras, passando pelas ruas e casas da cidade e saindo rumo a Bella Vista e Piso Firme. Nestas localidades e em Remanso e Cafetal, foram acolhidos pelas irmandades locais e devotos com muita alegria, assim como o novo pároco, o pe. José, que se deslocó de Campamento para conhecer e acompanhar o Divino. Também em Pimenteiras, o Pe. Adão tinha se deslocado de Cerejeiras durante s Semana Santa e na saída do batelão.
Os responsáveis da Missão são Seu Antelmo, encarregado da coroa, Seu Raul Moreno, comandante do batelão, e respresentando Supresa, seu André, alferez da bandeira, e seu João Goames, Mestre dos foliões.
Por minha parte, não foi possível acompanhar desde o começo a Romaria e fui a Alta Floresta para intentar chegar por terra a Rolim de Moura do Guaporé. Isto somente foi po´ssível pela acolhida e ajuda da comunidade das irmâs, pois a estrada para Rolim estava cortada e não passav nenhum carro. Finalmente de ônibus cheguei a Izidrolândia. Lá o seu Luiz, em nome da comunidade, me acolheu em sua casa e procurou uma moto para me levar até o final do aterro da estrada, tomando inclusive conta da gasolina para a viagem. Obrigado irmãs, comunidade de Izidrolândia e a todos.
Finalmente o administrador de Rolim veio me procurar no Colorado, dentro do Rio Meques para me conduzir a Rolim de Moura do Guaporé. Pela noite rezamos a missa, já tendo a Romaria terminado o seu percusro na cidade. Lá foram realizados batizados e orimeiras eucaristias.
No outro dia a Romaria segui passando por Ilha de Flores, lugar de origem da tradição, e pela noite a Mateguá. O dia seguinte foi na vizinha casa de Matrinchá, onde também houve batizados e o Divino finalmente pernoitó depois de muitos anos de insistência de Don Lalo, proprietário do lugar. Em Pedras Negras o Divino foi recibido no dia seguinte, numa grande recepção, onde destacava uma bela capelinha de palha no porto, construída a imitação da Igreja, até com torre na frente. De Pedras passou por Pau d'olho, e de lá até Versalles, Santo Antônio (houve também batizados)e Porto Murtinho.


Esta comunidade refundó a irmandade escolhendo o Sr. Marivaldo, de São Miguel, como novo presidente. La capela foi pintada e reformada i já estão se preparando para continuar a nova capela de material, que querem ter pronta para 2012, ano previsto para celebrar a primeira festa do Divino em Porto Murtinho.
Impulsado com o novo motor MWM o rebocador Mestre Tiago, continuou o seu rumo com mais rapidez que em anos passados e econômico consumo de diesel, para o qual vem contribuindo as irmandades de cada localidade. Finalmente, depois de passar por Santa Luzia, Santa Izabel e Santa Fé, o dia 11 de Maio chegou a Costa Marques e desde este dia vem percorrendo as casas desta cidade que acolhe de braços abertos o Divino Espírito Santo.
Somente vai sair de Costa Marques neste próximo domingo, dia 17 de maio, depois da solene proclamação do Santuario do Divino como Basília Manor da Igreja Católica.
Estará presente para esta declaração, Dom José Maria Pires, arzobispo emérito da Paraíba, e Dom Geraldo Verdier. Pe. Zezinho.

Leer más…

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mensagem-Homenagem aos povos indígenas

Povos indígenas,
Procurem
O caminho, o seu caminho!
Peguem o terçado,
Abram a picada!
Vão com cuidado,
A cada passo,
Abram o olho!
Na mata do branco,
Armadilha,
Tem em todo canto;
Se olharem o presente,
Não é como antigamente,
Cadê a floresta do passado,
E o pajé para curar o doente?
Não percam a esperança!
Muito do que mudou
Ainda está vivo.
A direção
Está gravada
No fundo do seu coração.
Filhos da natureza,
Livres como o vento,
Encantadores
Como pássaros
Que pela manhã
Pousam no quintal
E voam sem dar sinal,
Tenham certeza,
Sua cultura milenar
Não é uma “vela”
Que pode apagar!
Debaixo das cinzas,
Escondidas no chão,
As sementes de seus valores
Já vem brotando;
A cada amanhecer,
O sereno as faz crescer.
Acordem, povos!
Estiquem os seus arcos!
Retomem as suas terras e sua dignidade!
Busquem união e solidariedade!
Abrem a trilha da partilha
E da reciprocidade,
Novo caminho para a sociedade,
Esperança para a humanidade.

CIMI-Guajará-Mirim

Leer más…

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ameças de morte em São Francisco do Guaporé

Diante da campanha de intimidação com ameaçãs de morte que se espalham pela cidade de São Francisco do Guaporé RO, acho melhor publicar e o que está acontecendo e registrar as ameaças de morte que estamos sofrendo o líder indígena Tanadí Miquelém e eu mesmo, Pe. Josep Iborra Plans, zezinho.
Motivo: A proposta de demarcação das terras indígenas do povo indígena miquelém.
Os indígenas miquelenos são um povo ressurgido. Eles se autodenominavam "Huanyam" e moravam na beira do Rio São Miguel, afluente do Guaporé, aqui em Rondônia. A presença deles está testemunhada por diversos relatos de começo do século XX: Do cientista americano J. D.. Haseman , do antropólogo sueco Erland Nordenskiöld e do primeiro bispo de Guajará Mirim, Dom Xavier Rey, en 1932, quando subindo pelo río San Miguel escreve em seu diário: "Ao meiodia passamos e paramos em Prainha e na entrada da noite em Porto Murtinho, primeiras malocas de índios mansos com alguns civilizados".
Com ajuda do CIMI de Guajará Mirim, os miquelenos disperos por Rondônia começaram a se reencontrar depois do ano 2000, realizando diversas assembléias. Entre eles se encontrava seu Marcilino, hoje já falecido, morador de Guajará Mirim, último falante da língua miquelém, língua indígena de tronco txpacura.
Os miquelenos fundaram uma associação e reivindicaram com apóio da VI Câmara do Ministério Público Federal o reconhecimento oficial como povo indígena. Hoje eles tem carteira de identidade indígena e escola diferenciada. Também reivindicaram o retorno ao Limoeiro, vila de onde diversas famílias foram expulsas em 1984 pelo Ibama, depois que a área fosse declarada Reserva Biológica do Guaporé.

Um levantamento preliminar realizado a instâncias do MP, seguindo as indicações dos indígenas mais velhos, indicou como possível território indígena não somente a área do Limoeiro, dentro da Rebio, mas também no outro lado do Rio São Miguel: na vila de Porto Murtinho, (onde moram até agora algumas famílias deles), e Prainha, uma área ocupada por fazendeiros, e inclusive antigos castanhais onde hoje existem algumas linhas de colonos. Isso provocou a reação de todos os afetados, que poderiam perder suas terras. No ano de 2005 a assembléia anual dos miquelenos foi invadida, com o prefeito de São Francisco, Sr. Abraam Paulino a frente, sofrendo ameaças os indígenas, os membros do CIMI e representantes do Ministério Público. Somente foi possível recomeçar com proteção policial requerida pelo MP.
Naquela época os agentes de pastoral da Paróquia de São Francisco já procuramos e ofrecemos ajuda da CPT para defender os legítimos direitos de posse dos pequenos agricultores, pois ninguém deles ocupou a área de má fé, nem sabiam que podia se tratar de área indígena. O Dr. Ernandes Segismundo, na época assessor jurídico da CPT RO, visitou a área e disse não ter necessidade, por enquanto, de nenhuma ação jurídica. Ainda hoje o objetivo da defesa dos legítimos direitos dos pequenos agricultores forma parte do Plano Trienal da CPT RO.
Atualmente ainda não foi criado o GT: Grupo de Trabalho que deve determinar oficialmente o território indígena. Somente foi contratada uma antropóloga pela Funai que realizou um estudo preliminar, que ainda não é conhecido, pois faz pouco tempo que foi apresentado.
Neste ano 2009 a situação esquentou depois que o Dr Francisco Marinho, Procurador da República de Porto Velho, que faz seis anos que acompanha a situação, a pedido dos miquelenos em outubro de 2008, esteve a inícios de fevereiro no local, informando os fazendeiros e agricultores da situação e tentando acalmar os ânimos. O efeito foi o contrário do pretendido: O Dr Marinho apontou a possibilidade que os afetados recebessem indenizações por suas posses, o qual confirmou o temor de perder as terras e provocou o pânico entre os presentes.
Muitos deles acusam o CIMI e a Igreja em geral de esta situação, e eu mesmo em particular. A Irmâ Thereza Canossa, membro da CPT RO, que esteve presente nessa reunião, retrucou que a Igreja e a CPT defende a permanência do homem na terra, e recebeu salvas de palmas.
Resultado disso foi uma reunião posterior (onde ninguém de nós foi convidado) convocada pelo novo prefeito de São Francisco, Sr. Jairo, com presença do Senador de RO Expedito Júnior, e outros políticos, manifestando-se contra "essa idéia diabólica", e incendiando mais os ânimos.
Depois desses dias, diversas matérias publicadas por mim neste blogs e em outros na internet (http://elperiodico.com/blogs/mapamundi/blogrondonia/)
falando deste conflito, foram difundidas na cidade, reforçando a acusação de que eu era o culpado pela proposta de criação desta área indígena.
Por diversas pessoas me chegaram avisos que tinha gente comentando em público que "se perderem as terras, o Pe. Zezinho vai para cova", ou que "iria me reunir com o Pe. Ezequiel", ou que "já estava na hora do Pe. Zezinho morrer".
Assim mesmo, também sofreu diversas ameaças Tanadi Miquelém, líder dos indígenas miquelenos, que atualmente mora em São Francisco do Guaporé, apesar que ele defende apenas o retorno ao Limoeiro, e afirma para todo o mundo que não pretende como território indígena as terras ocupadas por fazendeiros e colonos.
Em anexo, uma das matérias difamatórias publicadas em internet com o meu nome, antes das eleições de outubro de 2008.
São Francisco do Guaporé, segunda feira santa, 06 de abril de 2009..
Pe. Josep Iborra Plans, zezinho


Foto: Indígenas miquelenos e puroborás em Porto Murtinho, em 2006.

Leer más…

sábado, 4 de abril de 2009

Crise energética e energia solar

A crise energética mundial é um dos motivos do interesse pelas hidrelétricas na Amazônia. Aqui temos as do Rio Madeira, e as pequenas centrais no Rio Branco. Quarenta quilômetros abaixo moram os tupari, macurap, aruá e outrso indígenas. Para eles faz tempo que da energia elétrica somente chegam os prejuizos de ter as centrais nas cabeceiras dos rios. A CPT nacional fez a proposta no ano passado de realizar em todos os regionais algum projeto alternativo de energia elétrica descentralizada. Apenas agora, terminando o mes de março, nós instalamos os últimos 34 paineis solares de nosso projeto de energia solar. Em total beneficiou 200 famílias. Mais os projetos anteriores, 400 famílias foram beneficiadas.
Daqui agradecemosa todos os que fizeram isso possível. Em especial a Manos Unidas, entidade da Igreja Católica na Espanha. Desta vez o mais difícil foi chegar onde as famílias beneficiadas moravam.


Eu saí de São Francisco num carro baixo, e a estrada sem asfaltar estava na pior situação. Na metade do trajeto até Costa Marques fiquei atolado num buraco cheio de água. Conseguí sair para trás, porém o carro quebrou. Fiquei no prego. Depois de algumas horas de espera, uma das pocas camionetes que passava me rebocou até São Domingos do Guaporé. Lá não tinham a peça de reposto. Somente no outro dia foi possível chegar até Costa Marques.
Depóis de arrumar e carregar o barco, ao meiodia estávamos navegando. A mais do Víctor vinha o seu genro, Marinaldo, e o instalador dos paineis, José Aniceto. Depois de navegar toda a noite, no outro dia, domingo, paramos para rezar missa em Versalles. Pela noite chegávamos a Pau d'Olho.
Lá deixamos o barco guardado e carregamos todo no bote de alumínio: placas solares, fiação eléctrica, tábos de madeira, lâmpades, interruptores, controladores, etc. . Também nossas bolsas de roupa, redes, comida, panelas, pratos, uma pequena cozinha, bojão de gaz, ... e alredor de 140 litros de gasolina para um motor de popa de 15 HP. Mais nós, no bote de oito metros e meio.
A previsão de viagem até a boca do Branco e subindo até o Palhal, a primeira aldéia, era de 12 horas. "O rio está limpo" tinham falado para nós. "Somente tem uma cocha de capim". Em novembro, com pouca água, não tinhamos podido passar. Porém, depois de três horas de navegação, chegando no Rio Preto, o motor falhou. Apesar do José, Xinita, ser mecânico experiente, tivemos que voltar remando. Cinco horas a remo, de volta a Pau d'Olho.

Lá conseguimos por sorte um motor emprestado: Uma rabeta de 5 HP. Mais devagar, no outro dia voltamos a tentar. Ao meio dia tinhamos passado do Rio Preto. Começamos a passar alguns paus atravessados e cochas de capim, empurrando com nossas varas. Passamos sem dificuldade o ponto onde ficamos em novembro: O "Furo da Cachaça". Não tinha rastro das abelhas que nos tinham atacado, tal vez porque a casa delas tinha ficado coberta pelas águas, que tinham subido cinco o seis metros.
Porém logo achamos a "cocha" de capim. Tão densa e cumprida que a gente não via o final dela. Com muita dificuldade fomos empurrando o bote com as varas, abrindo caminho de forma lenta e penosa. Porém chegou um ponto que não deu para avançar mais. Encalhados no meio da cocha. O tempo ameaçava chuva e começõu a chover. Tentamos cortar uma galhadas e desta vez algumas avispas nos atacaram. O único jeito foi descarregar toda a carga, e arrastrar o bote por cima do capim. Tão compacto que dava para andar nele quase como em terra firme. E carregar tudo de novo mais adiante.
Completamente molhados finalmente fomos seguindo adiante. O Palhal ainda estava bem longe. Somente ao anoitecer chegamos lá.
O resto foi mais fácil, porém também cansativo. De aldéia em aldéia, em tres dias subimos quase até o início da área indígena, no Barranco Alto. Subindo, parávamos e íamos entregando placas solares para as famílias que não tinham. Sofrendo do sol escaldante e das chuvas torrenciais na viagem pelo rio.

Depois começamos as instalações e a descida. Cada família tinha arrumado um esteio para segurar o painel solar no exterior da casa. Na maioria de lugares nos preparavam a comida: arroz, farinha de água, carne de caça, e peixe pescados de arco e flecha nos igapós e campos inundados da beira do rio.
O grupo nos instalávamos nas escolinhas ou nas casas de apóio de cada aldéia. Meus companheiros dormiam na rede e eu numa bararquinha que também serve de mosquiteiro. Em algumas das aldeias achámos auxiliares de enfermagem atendendo no posto, e em outro lugar, até dentista. Também encontramos com a Virgínia e o Mas, a equipe do CIMI de Ji Paraná, que estávam visitando a área indígena.
Nós não podemos atender todas as famílias com placas solares. Ficaram para trás umas quarenta e poucas, as que estávam mais acima, mais perto da estrada que vai até Alta Floresta. Existe o plano de construção duma linha elétrica convencional. Porém quando chegará lá? Estes dias, depois da volta, esteve falando sobre isso com várias autoridades.
Na volta tivemos que arrastrar de novo o bote na cocha de capim. Porém a carga já era mais leve. Chegamos de noite ao barco. Lá o colchão estava mais acolhedor que na barraquinha. E eu tinha deixado guardada um pouco de roupa limpa e seca. Chegando a Costa Marques, a viagem de retorno de carro até São Francisco também não foi fácil, porém isso já é outra história.

Foto: Preparando chicha na comunidade de Trindade.

Leer más…

sábado, 7 de março de 2009

Pastoral dos Ribeirinhos


Encontro de pastoral dos ribeirinhos


O dia 03 à noite e 04 de março 2009 nos encontramos alguns padres e irmãs de Regional Noroeste que trabalhamos com comunidades ribeirinhas.
Estivemos presentes: O Pe. João Batista, de Porto Velho, que atende as comunidades de Calama e do Alto Madeira, com alguns membros da equipe missionária. As irmãs Paola e Gecinéia, Missionárias de Jesus Crucificado, que atendem as comunidades de São Carlos, Nazaré e vizinhas, também no Rio Madeira. No mesmo rio, em Manicoré AM, o Pe. Valdeir, da Diocese de Humaitá. E eu mesmo da Diocese de Guajará Mirim, que atendo os ribeirinhos do Rio Guaporé.
O encontro, o primeiro depois de alguns anos, foi de muita riqueza de conhecimento mútuo, intercambio de experiências . Vimos que todos podem aportar ao trabalho dos outros setores com seus materiais e trabalhos realizados.
Sentimos falta de mais agentes que trabalham com ribeirinhos: de Lábrea, Rio Branco, Cruzeiro do Sul... Desde aqui já convidamos a todos! Pois queremos continuar nos encontrando: Aproveitando o Intereclesial, marcamos encontro para logo depois, o domingo dia 26 de julho, na sede da CNBB de Porto Velho.
Fotografia: Casa de Matrinchá, na Bolívia, Rio Guaporé.


Leer más…

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Com Dom Geraldo

"Há 76 anos, no dia 23 de janeiro de 1932, chegava em G.Mirim o primeiro Bispo de Guajará-Mirim, Dom Francisco Xavier Rey. Logo mais ele começava suas infindas viagens pelo Guaporé, a remo, durante longos e longos anos!

No dia 22 de janeiro de 2009, chegava no Porto de Guajará a Romaria de N.S. do Seringueiro. Foi uma peregrinação evangelizadora, visitando a maioria dos povoados ribeirinhos, do Brasil e da Bolívia, incluindo 3 aldeias de indígenas do Brasil.

Em muitos destes lugares visitados líamos trechos da diário da primeiro descida do Guaporé feita por Dom Rey, ainda no ano de 1932.

Sentíamos que nossa Romaria mantinha a grande tradição dos missionários itinerantes de Cristo, bispos, Padres , Irmãs e leigos evangelizadores de nossa Igreja de Guajará-Mirim." (www.dgm.org.br)



Assim descreve Dom Geraldo a Peregrinaçao de Nossa Senhora do Serinueiro, realizada do dia 04 ao 22 de janeiro, no barco "E. Canuto" pelo Rio Guaporé.

Indo as raízes de nossa Diocese de Guajará Mirim, revivemos a primeira viagem realizada por Dom Rey visitando os ribeirinhos do Guaporé.

Algumas comunidades já não existem mais. Outras estão aí, resistindo, teimando do direito de viver, de existir.

Comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, bolivianas, que continuam a sofrer o embate dum mundo que entra em crise, devido a modelo de desenvolvimento consumista, poluidor, excluente, que não olha para eles, onde eles não contam.

Leer más…