domingo, 12 de julho de 2009

Morreu Seu Romão, líder quilombola


Parece que vítima do mal de chagas, uma destas doenças esquecidas das regiões tropicais, morreu Seu Romão Calasanç, liderança da comunidade quilombola de Santo Antônio do Guaporé.
Seu Romão era um dos muitos filhos e filhas que teve Paulo Calasanç, que em 1902 já tinha nascido em São Antônio do Guaporé. Hoje boa parte dos moradores da comunidade são descendentes dele.
Nos anos mais críticos da comunidade, quando foi criada a Reserva Biológica do Guaporé, seu Romão conseguiu unir a comunidade, e com ajuda do Pe. Paulo Verdier e de Dom Geraldo, bispo de Guajará Mirim, resistir durante décadas ao Ibama, evitando a expulsão do seu território tradicional.
Quando um dos seus sobrinhos foi assessinado, possivelmente por um pescador furtivo, Romão adotou o filho do seu sobrinho. Lá pelo mês de maio consegui visitá-lo em Porto Velho, em casa de sua irmâ, onde parava fazia mais de ano, depois de tiver precisado tratamento por problemas de coração. "Estou me cansando muito" me diz. Estava esperando uma cirurgia que não chegou a tempo para ele.

Seguramente morreu do Mal de Chagas, esta doença transmitida pelo barbero, que parecia não exitir em Rondônia. O chagas pode tardar anos em aparecer e na pior das situações, acabar dilatando o coração e provocar a morte.
Esta é uma das doenças que preocupa a OMS (Organização Mundial de Saúde)dentro do seu Departamento de Control de Doenças Tropicais Desatendidas. "(Negligenciadas)", me confirma o doctor Pedro Albajar, un médico brasileiro-catalão que esteve por dois anos trabalhando no Vale do Guaporé. Hoje ele acompanha desde a sede da OMS a situação mundial desta doença, que afecta alguns dos grupos mais humildes da humanidade. Será que entre eles também os quilombolas do Guaporé?
Fotos: Seu Romão e o seu afilhado em Santo Antônio. Em Porto Velho este ano, com sua irmâ e sobrinha. Alguns de seus irmãos, irmâs e uma sobrinha, na sua casa, durante a passagem da Coroa do Divino.

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