domingo, 15 de junho de 2008

Os seringueiros do Rio Cautário



O Rio Cautário é afluente do Guaporé. Ele faz divisa entre os municípios de Guajará Mirim e Costa Marques. Atualmente forma parte duma reserva extrativista.
Nela vivem os últimos seringueiros da região. Vivem de recolher castanha, tirar seringa, fazer farinha de mandioca, e da abundância de caça e de pesca da área, vizinha do Parque da Serra da Cutia.
Eles têm realizado uma funçaõ extraordinária para proteger a floresta e o meio ambiente, pois contiveram repetidos intentos de invasão da frente de grileiros de terra, que avançava desde o distrito de Sao Domingos do Guaporé em direção a Surpresa.
Esta foi a vez deles de receber energia solar em suas casas. Em total foram quarenta e cinco moradias beneficiadas com instalaçao de um painel solar e rede de energia para duas ou tres lâmpadas por casa, nas comunidades de Laranjal, Canindé, Cajueiro e Jatobá.
Pouca coisa, porém muito pára quem continua dependendo da lamparina para iluminaçao doméstica e continua excluido, pelo menos até agora, do "Luz para Todos".

O financiamento do projeto é da organização MANOS UNIDAS, da igreja espanhola, e a realização do projeto da Pastoral Fluvial. A Associação AGUAPE dos seringueiros se comprometeu a fornecer as baterias. Com José Aniceto Ruiz e Víctor Cojubim formamos a equipe de instalaçao dos paineis Kyocera, fornecidos pela SOLAR BRASIL.
Para nossa surpresa, no Canindé fazia dez dias tinham chegado mais nove famílias. Eles chegaram na reserva extrativista depois de um longo éxodo, pois apesar de viver mais de 30 anos como seringueiros do Rio Machado, eles estavam dentro da Reserva Biológica de Jaru.
De novo, comunidades tradicionais sofrendo sendo castigado pelo rigor da proteçao de meio ambiente, rigor que nao é costume de oferecer aos verdadeiros devastadores da floresta.
Este grupo de quarenta pessoas ficaram jogados num acampamento de sem terra no ramal Jequitibá, em Candéias do Jamari, até que foi decidida sua ubicaçaõ no alto Rio Cautário.

Na foto, seu Pedro Galdino de Sousa, ribeirinho expulso da Rebiu de Jaru.
O pe. Zezinho Simionatto foi dos que, ainda poucos dias antes de morrer, ajudou eles a solucionar o problema. Com alguma assistência do Ibama e acolhidos pelos seringueiros do Cautário, eles hoje se encontram cheios de ilusao, construindo suas casas e fazendo canoas para seu futuro destino, enquanto ocupam provisionalmente algumas casas desocupadas da comunidade do Canindé.
Porém, por enquanto, ficaram fora do projeto, sem receber placas solares. Tal vez consigamos outras nove para eles.

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