domingo, 15 de fevereiro de 2009

Com Dom Geraldo

"Há 76 anos, no dia 23 de janeiro de 1932, chegava em G.Mirim o primeiro Bispo de Guajará-Mirim, Dom Francisco Xavier Rey. Logo mais ele começava suas infindas viagens pelo Guaporé, a remo, durante longos e longos anos!

No dia 22 de janeiro de 2009, chegava no Porto de Guajará a Romaria de N.S. do Seringueiro. Foi uma peregrinação evangelizadora, visitando a maioria dos povoados ribeirinhos, do Brasil e da Bolívia, incluindo 3 aldeias de indígenas do Brasil.

Em muitos destes lugares visitados líamos trechos da diário da primeiro descida do Guaporé feita por Dom Rey, ainda no ano de 1932.

Sentíamos que nossa Romaria mantinha a grande tradição dos missionários itinerantes de Cristo, bispos, Padres , Irmãs e leigos evangelizadores de nossa Igreja de Guajará-Mirim." (www.dgm.org.br)



Assim descreve Dom Geraldo a Peregrinaçao de Nossa Senhora do Serinueiro, realizada do dia 04 ao 22 de janeiro, no barco "E. Canuto" pelo Rio Guaporé.

Indo as raízes de nossa Diocese de Guajará Mirim, revivemos a primeira viagem realizada por Dom Rey visitando os ribeirinhos do Guaporé.

Algumas comunidades já não existem mais. Outras estão aí, resistindo, teimando do direito de viver, de existir.

Comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, bolivianas, que continuam a sofrer o embate dum mundo que entra em crise, devido a modelo de desenvolvimento consumista, poluidor, excluente, que não olha para eles, onde eles não contam.

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Com os jovens de São Francisco

Esta última viagem pelo Rio Guaporé teve a participação da Irmâ Thereza Canossa e de um grupo de jovens das comunidades rurais de São Francisco do Guaporé, com o coordenador do grupo, Sr. Manoel, da comunidade Nossa Senhora da Salete. Eles foram a Adeilda, o Anderson e a Francielle. Esta comunidade e a de São Pedro, da Linha 95, agora tem acesso direto ao Rio Guaporé pela estrada que vai até a Fazenda Santa Rosa e Baia da Belém.

Na foto: Adeilda, Francielle, Anderson e Terezinha.

Também estiveram em toda a viagem Dona Mafalda e as duas filhas dela, Terezinha e Raiane, moradoras da comunidade de Santa Fé. Dona Mafalda foi visitar a mae dela, Dona Nazaré, a quem fazia dezoito anos que não via, e acabaram levando ela passar uma temporada na casa dela.
Na foto: Dona Nazaré, matriarca do quilombo de Laranjeiras.

A viagem começou participando da Festa do 8 de dezembro em Pedras Negras, Nossa Senhora da Conceição, onde a festa foi muito alegre e com muitos visitantes de São Francisco do Guaporé. Celebramos a tradicional novena e missa com batizados.

Logo seguimos subindo o Guaporé, passando por casas e comunidades, chegando a Laranjeiras e até Remanso, na Bolívia. Lá celebramos a missa um dia de bastante chuva, e fomos voltando parando também em As Cruz, Rolim de Moura do Guaporé, Ilha de Flores, Mateguá, Versalles e Santo Antônio do Guaporé.
Fotografia: Grupo de animação de cantos em Pedras Negras.

O grupo de jovens se apresentava, visitando as famílias e as conviadando para a celebração da Eucaristia. Eles prepararam uma folha de cantos e ajudavam a animar a celebração com os dirigentes de culto, as vezes alternando com os cantos em castellano, quando se tratava de uma comunidade boliviana.
A Irmã Thereza ajudava também com uma palestra sobre o Advento e a chegada da Festa do Natal, e junto com o seu Manoel coordinava o grupo, que no barco preparava as refeições e fazia a limpeza, enquanto que eu tomava conta do motor e ajudava o Víctor a pilotar o barco, procurando no encalhar muito nos bancos de aréia que ainda tem no rio.
Fotografia: Víctor e a Irmâ Thereza em Santa Fé.


Em todas as comunidades o grupo foi muito bem acolhido, recebendo muita contribuição em ofertas e em comida: pão, frutas, galinha, pato, e outras comidas típicas da região... E também não faltou algum tempo para o grupo fazer boas pescarias, que também ajudaram na alimentação.

Fotografia: Grupo de jovens pescando.

Quando o grupo desceu em Santa Rosa, ainda sobrou um tempo para que duas jovens voluntárias de São Paulo, enviadas pelo CEUSOL, viesem conhecer o Guaporé descendo conosco até Costa Marques. Até finalmente, todos voltarem para celebração das Festas de natal e Ano Novo, preparando já para Janeiro a Romaria de Nossa Senhora do Seringueiro, com Dom Geraldo e uma comitiva visitando todas as comunidades ribeirinhas, de Pimenteiras a Guajará Mirim.










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domingo, 16 de novembro de 2008

Viagem frustrada ao Rio Branco

Saímos para visitar a área indígena do Río Branco-Rivoredo, afluente brasileiro do Guaporé.
A beira do Rio Branco moram os indígenas do povo tupari, aruá, macurap, jabuti, aricapu e mais alguns. E por perto outro grupo de indígenas isolados. Neste tempo o Rio Branco, mesmo ter começado as chuvas, tem ainda pouca água. E fazia tempo que ninguém passava por lá. Os indígenas normalmente não passam por aqui, pois se deslocam rio acima, onde sai a estrada para Alta Floresta d'Oeste. Alta Floresta fica muito longe para nós e tentamos chegar subindo pelo Guaporé até a boca do Branco, duas horas acima de Pau d'Olho. Ao final não conseguimos chegar nem na primeira aldeia.
Em Pau d'Olho deixamos o barco grande e de rabeta subimos cinco horas pelo Branco, atravesando a Reserva Biológica do Guaporé. A vegetação é exuberante e muitas aves fogem apavoradas a nosso passo: graças brancas, patos selvagens, maguaris, biguás,... Também aparecem muitos tracajás, que puxam a cabeça fora da água, curiosos para ver o que está acontecendo, para fugir logo rapidamente nas águas amareladas.

As capivaras disputam as praias com os perigosos búfalos salvajens, que fugiram da fazenda do estado. Por fortuna, nenhum deles nos ataca, nem o jacaré açu que fica de espreita a poucos metros de nós, enquanto paramos para comer nosso arroç ao meio dia. Depois terminamos de ajeitar nossos varejões com forquillas para passar as "cochas" de capins flutuantes que se amontoam acima das árvores caídas, fechando o rio. Algumas "cochas" ficam tão firmes que a gente pode andar por cima delas, e temos que arrastrar o bote de alumínio com sua carga pesada.
Cada trecho de "cochas" nos custa um penoso trabalho, até chegarmos a uma grandiosa árvore atravessada de lado à lado do rio. Teremos que cortar pelo menos uma das grossas galhadas de machado para passar. Porém... quando damos os primeiros golpes, nos ataca um enxame de furiosas abelhas vindas de dentro do pau. Largando o medo dos jacarés pulamos na água, empurrando a canoa abaixo, para nos afastar. As abellas me pegam sobre tudo a mim, me ferrando na cabeça e nas mãos, pois ficava com elas segurando no bote.
Mais tarde fazemos outro intento de nos aproximar. Pensamos em esperar à noite, fazer fogo e fumaça,... Porém o pior é que ainda não chegamos no Furo da Cachaça, que precisa atravessar arrastrando a canoa. E todo o mundo diz que acima de lá, no Laranjal, é que o rio está feio mesmo. Decidimos voltar atrás. Fica de noite descendo pelo rio. Numa volta, no escuro, topamos com dois búfalos tomando baño, porém por sorte também eles fogem. E nós não ficamos lá para esperar. Antes de meia noite estamos de volta no Pau d'Olho.
No outro dia, ficamos descansando no barco. Pelas ferradas de abelha eu fico com as mãos inchadas e doloridas, e com um pouco de febre, apesar de ter tomado um antihistamínico. Enquanto Vítor e Mari vão pescar, esperamos até à tarde. Antes duma furiosa tempestade volta o Pinheiro, o chefe do IDARON, que toma conta do Pau d'Olho, reabrindo a fazenda, que tinha ficado abandonada por muitos anos. Eles têm um trator que poderia nos levar até o Palhal, a primeira aldéia. Porém dizem que o caminho já não está nada bom, com estas chuvas. Por enquanto os indígenas do Rio Branco teram que nos aguardar mais tarde, e ficam sem as placas solares que estávamos levando lá.
Quem resulta beneficiado, na voltam são dez famílias bolivianas de Versalles, que ainda não tinham instalações de energia solar. Até no quartel da capitania de marinha montamos instalação de placas e lámparas para a bateria. Em Versdalles à primeira noite rezamos missa, e na segunda temos palestra com o grupo de preparação da crisma.
Também conversamos com uma equipe do IPHAE, o Instituto de Patrimônio Histórico Brasileiro. Estão pesquisando os numerosos restos de cerâmica e de potes precolombinos, que aparecem em todas as terras altas do Guaporé. Falamos sobre o Monte Castelo, uma pequena montanha que existe no meio do campo natural de Pau d'Olho. Eles tem chegado até lá com o trator de Pau d'Olho: Dizem que já foi estudado. Era uma antiga aldéia com restos datados em mais de seis mil anos, por um povo diferente daquele que fabricava as cerámicas. Eles eram comedores de moluscos. Por isso o chão está chéio de estratos de conchas pisadas, que utilizavam para o chão do interior das casas.
Em Santo Antonio del Guaporé visitamos as famílias e rezamos missa à noite. No outro dia instalamos também duas placas. Nos comentam alguns dos problemas da comunidade. Uns dizem que o INCRA já venceu a causa do território da comunidade. Porém parece que o IBAMA está querendo impor um termo de conduta inaceitável. Porém dá a impressão que o pessoal tem medo e não fala quase nada. Uma das famílias está preocupada, pois foram denunciados de ter derrubado muito mato, quando somente tinham preparado, de machado, uma pequena roça.

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Abençoada crise


Não sei como vamos nos dar em Rondônia com a crise mundial atual. Sempre os mais humildes acabam pagando mais caro. Porém por enquanto, a crise parece estar brecando um pouco o avanço do agro e hidronegócio.
A retirada massiva de capital especulativo tem feito cair o real e subir o dólar e o euro. Para nós, que trabalhamos com as migalhas da solidariedade dos países mais desenvolvidos, pelo menos o câmbio melhora, e as ajudas alcançam para um pouco a mais.
Tomara a crise também dê um pouco de fôlego para as comunidades resistir o avanço das multinacionais. A primeira hidrelétrica do Rio Madeira já começou em Porto Velho. Porém a segunda está demorando mais. Seja por brigas entre as empresas, seja por dificuldades financeiras, parece.
Se atrasarem, muitos ribeirinhos ficaram um pouco aliviados.
Também os indígenas isolados, antes de se encontrarem com as águas do Madeira alagando suas florestas. Nem sequer a existência deles tem sido reconhecida. E tem alguns que os chamam de selvagens.
Selvagem é este povo sem escrúpulos, este modelo que condena o povo ribeirinho a contaminação de mercúrio, a perder suas fontes de subsistência, a ver suas casas e terras alagadas.
Aqui na região, os que conhecemos o rio estamos acreditando que o Madeira vai dar o seu troco as hidrelétricas. Aconteceu com a construção da estrada Madeira-Mamoré, que hoje ficou engolida pela floresta. O rio todo ano muda de canal e abre novos braços e cortes, mudando a navegação. Poucos anos de vida vão ter os reservatórios com todos os sedimentos que chegam dos Andes bolivianos e peruanos. O Rio Madeira foi chamado assim pelos portugueses, pela imensa quantidade de paus e de madeiras arrastadas pela correnteza, que formam um verdadeiro rio de madeira na época da cheia, difícil de atravessar pelos barcos. Quero ver as turbinas engolindo as ilhas de tarope e a paulera que descem pelo Madeira.
A Margem , uma das principais empresas de frigoríficos de Rondônia e Mato Grosso, faliu. Lá fora, também aparecem notícias sobre empresas de biocombustíveis falidas, cana de açúcar e etanol freando a expansão, empresas de celulose renunciando as ampliações das monoculturas. Tomara seja certo que os agricultores possam pensar mais em plantar alimentos e não em produzir capim, etanol e celulose. Abençoada crise se ajudar os mais humildes viverem em paz!
Pe. J. Iborra, zezinho CPT RO

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domingo, 14 de setembro de 2008

Guajará Mirim


A finais de agosto chegamos a Guajará com uma turma de amigos catalãos. A frente da turma estávam Ramon i Celia, um casal que tinha trabalhado como voluntário por dois anos no centro "Despertar". Aqui em Guajará é onde nasceu o seu primeiro filho Oriol, faz doze anos. Viajando pelo rio, pescamos, descansamos e também estivemos realizando alguns pequenos projetos.
O rio Guaporé estaba bastante seco e o trecho da cachoeira do Forte Príncipe da Beira já estava difícil para passar.
En Renascença visitamos uma pequena comunidade de seringueiros, onde faltava instalar placas solares. Um dos catalãos, o Nic, é professional da energia solar e nos oferece boas orientações para nosso trabalho.
Já nas comunidades indígenas de Ricardo Franco y de Sagarana, outro catalão é o chefe de instalação de dois bebedouros de água fria para as escolas. Não sesultou muito fàcil, pois faltavam algumas das peças que ia precisar. Porém bom professional consegue dar o seu jeitinho.

Em Surpresa, Célia dedica umas horas a especialidade dela e oferece um cursinho de artesanato para as mulheres da associação AMJOS. Enquanto aproveitamos com o marido dela, Ramon, para visitar o sítio do Nazareno, um agricultor que está começando a se dedicar à apicultura. Com Ramon, que é experiente apicultor, conversam sobre os problemas das caixas de abelhas, e se puderem, eles teriam ficado dias inteiros conversando sobre o assunto.
Já pelo Rio Mamoré, seguimos descendo de barco para Guajará Mirim. Onde chegamos depois de uma noite com muitos carapanás, acampados numa praia do Rio Negro Sotério.
Guajará Mirim é porto de comerço entre Brasil e Bolívia. Para frente o rio deixa de ser navegável: Vinte cachoeiras, cheias de pedras e de perigosas corredeiras fazem impossível a navegação até Porto Velho e o resto do Amazonas.

Em Guajará é contínuo o movimento comercial de exportação e importação com a gêmea cidade boliviana de Guayará Merín. As mercadorias, a espera da ponte internacional, viajam em pequenas embarcações. També é constante o tráfego de turistas brasileiros que procuram na Bolívia produtis importados a bons preços.
Em Guajará finalmente posso recolher uma encomenda de janeiro: Um cartaz de madeira talhada pelo artista boliviano Júlio César, com o nome do barco "Dom Roberto".

Porém minha principal preocupação é conseguir um mecânico que venha instalar o cambio automático de marchas do barco. Em Costa Marques ninguém foi capaç de fazer a instalação. Aqui finalmente aparece um mecânico disposto a tentar o serviço, depois de dois dias de procura. Ele faz um comando automâtico artesanal, e com ele, felizes voltamos para Costa Marques.

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os companheiros claretianos

Nestas semanas, com o barco "Dom Roberto" esteve visitando algumas comunidades do Rio Guaporé. Em Santo Antônio passamos alguns dias colocando as janelas da igreja e placas solares numa dúzia de casas. Fazia anos que lhes prometiam motor de luz e até agora, nada. Estiveram comigo seis companheiros claretianos da Catalunha. Pensei que fossem os primeiros missionários claretianos a vir comigo pelo Guaporé. Porém não eram: O primeiro foi o Pe. Xavier Saigí, em 2002. Estivemos também com eles na comunidade boliviana de Versalles, menos aristocrática que a homônima francesa. No dia 06 de agosto celebramos com eles a festa da pátria de Bolívia.
Foto: Moçada de Santo Antônio.Foto: Joan Bové

Fiquei admirado como celebraram a festa da pátria, com grande esforço e dedicação. Esta pequena localidade isolada de indígenas itonamas, com tropa de seis soldados e dois oficiais, no dia 06 de agosto celebrou sua identidade e orgulho de ser bolivianos, com bastante presença de convidados brasileiros das comunidades vizinhas.
Anos atrás, o Pe. Xavier Saigí também esteve conosco nesta comunidade, visitando a missão e pelos mesmos lugares. Ele foi dos primeiros a me animar neste serviço da pastoral fluvial e me ajudou a comprar o primeiro barco. Depois batizei o barco com seu nome, em agradecimento e homenagem, pois durante a viagem de retorno, o Pe. Xavier faleceu de infarte fulminante, no aeroporto de Porto Velho. Apesar de sua curta visita, foi o primeiro de nós a deixar os seus dias nesta terra amazônica.
Agora chegaram de visita outros seis missionários claretianos. Alguns estiveram trabalhando em Santo Antônio instalando painéis solares. Eles estavam financiados com o restante das ajudas da empresa catalana Fundició Benito Dúctil. Outros pelo escritório da advogacia espanhola da Fundación Uría, e as restantes pelo projeto de Manos Unidas.
Os companheiros claretianos que estiveram comigo foram os padres Joan Soler e Ramon Olomí, e também quatro estudantes de teologia. Dois deles, Thomas Pullikatil y Hellin John, son claretianos originarios da Índia, com seu diploma de teologia recém conseguido; e os outros dois catalães: Josep Codina, que já esteve dois anos em Rondônia de cooperante, e Joan Bové, da cidade de Valls. Dos indianos, Hellin procede de família de pescadores marítimos e logo gostou da pescaria nestas águas amazônicas. Na família de Thomas, eles trabalham uma plantação indiana de seringa, e aqui descobriu a terra de origem das árvores que sustentam sua família, plantados na Ásia com sementes roubadas da Amazônia pelos ingleses, no século decenove.
Todos eles chéios de coragem vieram ao Guaporé, enfrentando as pragas e confiando neste barco de construção artesanal. A primeira noite o barco metia água e tivemos que ir fechando com estopa todos os buracos. Depois, um dia o motor parou. Limpamos o filtro de diesel, porém não deu para o colocar de novo. Arrumamos uma mangueira direto do tanque de diesel.E assim continuamos com alguns problemas, que fomos resolvendo sobre a marcha e com algumas ajudas, até conseguir retornar a Costa Marques. No sem primeiro encalhar numa das muitas praias que neste tempo aparecem por toda parte.
Porém ninguém tira deles ter desfrutado da natureza exuberante deste rio amazônico, chéio de aves, de fauna, de peixes e de variada vegetação. Os que já costumamos não ligamos muito pela paisagem, porém o rio se impõe com sua beleza serena e majestade admirável.
Quase em contraste, a luta das comunidades por uma vida de dignidade e justiça. Em Santo Antônio e em Pedras Negras me comentam alguns dos problemas das associaçães quilombolas, criadas para registrar os territórios que lhes pertencem de tempo imemorial. Eles lutam com sua persistência em ficar nestas regiões, com muita caça e pesca, porém muito sofrido para viver e trabalhar, com uma capacidade infinita de resistência. Muitas vezes a gente desanima. Fazia mais de ano que estávamos com as janelas da capela de Santo Antônio por instalar. Para os que chegamos de fora, as vezes parece que tuda vai devagar demais. Porém eles enxergam longe, e sabem que ainda tem muito caminho pela frente, para seguir adiante com a vida deles e ver reconhecidos seus direitos.

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domingo, 20 de julho de 2008

Carlinhos


Nosso Brasil, por um lado moderno e desenvolvido, pelo outro surpreende pela precariedade e insegurança das pessoas e de recursos, que nos fazem sentir muito impotentes. Sabemos que tem setores, como nossos ribeirinhos, de muita exclusao e de pobreza. Porém assusta ver como andam as coisas em cidades modernas e desenvolvidas, com todo tipo de consumo, como nosso Porto Velho.O passado dia 11 de julho um terrível acidente de ônibus na BR 364, em Ouro Preto d'Oeste, tem atingido todo um grupo dos Movimentos Sociais e Populares, que iam para um curso de treinamento sobre educaçao popular. Nosso campanheiro Carlinhos, agente da Pastoral da Terra, a CPT de Porto Velho, ficou ferido de gravidade. Faleceram sua mulher e o seu filho, irmâ e sobrinho do Pe. William, de nossa diocese de Guajará Mirim. Carbonizados, como o resto das 14 vítimas mortais.
O ônibus bateu de frente com uma carreta de combustível, que explodiu, e pegou fogo todo o ônibus. Todo dia vemos tragédias nos jornais e na TV. Porém quando atingem alguém de perto, a gente fica abalada. E depois da dor das pérdidas, veio o problema das despesas do atendimento hospitalar dos doentes. Quem toma conta delas? Alguns dos feridos tem precisado de cirurgias e de cuidados que a os hospitais públicos nao davam conta. Nós da CPT, e o pessoal dos movimentos atingidos, e das comunidades de Porto Velho, estamos pedindo ajuda para eles. Tem advogados atrás das companhias seguradoras do ônibus, da carreta de combustível,... porém por enquanto, nada.

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