segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ameças de morte em São Francisco do Guaporé

Diante da campanha de intimidação com ameaçãs de morte que se espalham pela cidade de São Francisco do Guaporé RO, acho melhor publicar e o que está acontecendo e registrar as ameaças de morte que estamos sofrendo o líder indígena Tanadí Miquelém e eu mesmo, Pe. Josep Iborra Plans, zezinho.
Motivo: A proposta de demarcação das terras indígenas do povo indígena miquelém.
Os indígenas miquelenos são um povo ressurgido. Eles se autodenominavam "Huanyam" e moravam na beira do Rio São Miguel, afluente do Guaporé, aqui em Rondônia. A presença deles está testemunhada por diversos relatos de começo do século XX: Do cientista americano J. D.. Haseman , do antropólogo sueco Erland Nordenskiöld e do primeiro bispo de Guajará Mirim, Dom Xavier Rey, en 1932, quando subindo pelo río San Miguel escreve em seu diário: "Ao meiodia passamos e paramos em Prainha e na entrada da noite em Porto Murtinho, primeiras malocas de índios mansos com alguns civilizados".
Com ajuda do CIMI de Guajará Mirim, os miquelenos disperos por Rondônia começaram a se reencontrar depois do ano 2000, realizando diversas assembléias. Entre eles se encontrava seu Marcilino, hoje já falecido, morador de Guajará Mirim, último falante da língua miquelém, língua indígena de tronco txpacura.
Os miquelenos fundaram uma associação e reivindicaram com apóio da VI Câmara do Ministério Público Federal o reconhecimento oficial como povo indígena. Hoje eles tem carteira de identidade indígena e escola diferenciada. Também reivindicaram o retorno ao Limoeiro, vila de onde diversas famílias foram expulsas em 1984 pelo Ibama, depois que a área fosse declarada Reserva Biológica do Guaporé.

Um levantamento preliminar realizado a instâncias do MP, seguindo as indicações dos indígenas mais velhos, indicou como possível território indígena não somente a área do Limoeiro, dentro da Rebio, mas também no outro lado do Rio São Miguel: na vila de Porto Murtinho, (onde moram até agora algumas famílias deles), e Prainha, uma área ocupada por fazendeiros, e inclusive antigos castanhais onde hoje existem algumas linhas de colonos. Isso provocou a reação de todos os afetados, que poderiam perder suas terras. No ano de 2005 a assembléia anual dos miquelenos foi invadida, com o prefeito de São Francisco, Sr. Abraam Paulino a frente, sofrendo ameaças os indígenas, os membros do CIMI e representantes do Ministério Público. Somente foi possível recomeçar com proteção policial requerida pelo MP.
Naquela época os agentes de pastoral da Paróquia de São Francisco já procuramos e ofrecemos ajuda da CPT para defender os legítimos direitos de posse dos pequenos agricultores, pois ninguém deles ocupou a área de má fé, nem sabiam que podia se tratar de área indígena. O Dr. Ernandes Segismundo, na época assessor jurídico da CPT RO, visitou a área e disse não ter necessidade, por enquanto, de nenhuma ação jurídica. Ainda hoje o objetivo da defesa dos legítimos direitos dos pequenos agricultores forma parte do Plano Trienal da CPT RO.
Atualmente ainda não foi criado o GT: Grupo de Trabalho que deve determinar oficialmente o território indígena. Somente foi contratada uma antropóloga pela Funai que realizou um estudo preliminar, que ainda não é conhecido, pois faz pouco tempo que foi apresentado.
Neste ano 2009 a situação esquentou depois que o Dr Francisco Marinho, Procurador da República de Porto Velho, que faz seis anos que acompanha a situação, a pedido dos miquelenos em outubro de 2008, esteve a inícios de fevereiro no local, informando os fazendeiros e agricultores da situação e tentando acalmar os ânimos. O efeito foi o contrário do pretendido: O Dr Marinho apontou a possibilidade que os afetados recebessem indenizações por suas posses, o qual confirmou o temor de perder as terras e provocou o pânico entre os presentes.
Muitos deles acusam o CIMI e a Igreja em geral de esta situação, e eu mesmo em particular. A Irmâ Thereza Canossa, membro da CPT RO, que esteve presente nessa reunião, retrucou que a Igreja e a CPT defende a permanência do homem na terra, e recebeu salvas de palmas.
Resultado disso foi uma reunião posterior (onde ninguém de nós foi convidado) convocada pelo novo prefeito de São Francisco, Sr. Jairo, com presença do Senador de RO Expedito Júnior, e outros políticos, manifestando-se contra "essa idéia diabólica", e incendiando mais os ânimos.
Depois desses dias, diversas matérias publicadas por mim neste blogs e em outros na internet (http://elperiodico.com/blogs/mapamundi/blogrondonia/)
falando deste conflito, foram difundidas na cidade, reforçando a acusação de que eu era o culpado pela proposta de criação desta área indígena.
Por diversas pessoas me chegaram avisos que tinha gente comentando em público que "se perderem as terras, o Pe. Zezinho vai para cova", ou que "iria me reunir com o Pe. Ezequiel", ou que "já estava na hora do Pe. Zezinho morrer".
Assim mesmo, também sofreu diversas ameaças Tanadi Miquelém, líder dos indígenas miquelenos, que atualmente mora em São Francisco do Guaporé, apesar que ele defende apenas o retorno ao Limoeiro, e afirma para todo o mundo que não pretende como território indígena as terras ocupadas por fazendeiros e colonos.
Em anexo, uma das matérias difamatórias publicadas em internet com o meu nome, antes das eleições de outubro de 2008.
São Francisco do Guaporé, segunda feira santa, 06 de abril de 2009..
Pe. Josep Iborra Plans, zezinho


Foto: Indígenas miquelenos e puroborás em Porto Murtinho, em 2006.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia, bravo Camarada P.e Zezihho, o da Pastoral Fluvial!
O tema continuará polêmico anos a fio, séculos e séculos. Talvez, até Cristo retornar à Terra... Enquanto isso, os pequeninos DELE continuarão sendo "assassinados" pela, miséria absoluta por causa da fome, da sede, do frio,sem empego e sem uma vida digna porque, uma minoria porca - como a sociedade dos brancos - gere o dinheiro público surrupiado de contribuintes inocentes destinados á saúde, educação,segurança, saneamento básico... e obras infraestruturaisque deveriam chegar às comunidades dos "bolsões" e nunca chegam!
Quem matou (mata) nossos irmãos idígenas em Rodônia e no Nortão do Mato Grosso? Foram (e serão) maus sulistas, sudesinos e os ianques. Desde a década de 80 - quando umgrupo de "Correspondentes" chegou aqui,nesses grotões da Amazônia, que se sabe quem os algozes das etnias indígenas, de trabalhdores sem-terra.Infelizmente, bons cidadãos, jornalistas progressistas e aqueles que desejam umPaís diferente não tem mandato. Será que o povo amazônico (de RondÔnai ao Amapá, este na Amazõnia Oriental) QUER MUDAR, CAMARADA PADRE?
Demos umbasta na hiporisia e meditemos:jánão basta de ameaças aos irmãos índios, jornalistas, religiosos, aos sem-terra,ao delegado Protógenes da PF e até ao único ministro negro que temos Suprema Corte do País?!
Pois é... daí, chega ao mundo a notícia de que nossos irmãos indígenas voltaram a ser ameaçados. Por quem, outra vez? Por aqueles que financiam o desmatamento, o roubo de minérios,que viciam-nos ao álcool, às drogas edizem fazer cumprir as leis hipócritas brasileiras. Quem são?Porque nãio divulgar seus nomes, seus retratos e o modus vivendi e o operandi dessa corja neste site e nos poderosos meiosque a Igreja Católica sempre teve a mão?
A indignação é tanta que, os organismos católicos - e da sociedade civil organizada juridicamente - do tipo CPT (sem-terra)e o CIMI recuaram de suas ações progressistas em relação aos anos 80 e 90.
O que fazer, então, Camaradas? CIMI bom, CPT boa e mandatários populares bons, foramos do passado?
Hoje, a coisanão estratégia agressiva - do ponto de vista de auto-defesa - contra as ações de uma meia dúzia de "revolucionários ambientalistas" de mesa de bar da Praia de Ipanema (Rio de Janeiro) e da Europa travestidos dentro do Ibanma,Incra, Instituto Chico Mendes, do GOevrno Petista e de Ongs que precisam ser revistas por suas ações pífias em defesa dos verdadeiros donos da florestas - Suas Excelências nossos irmãos indígenas amazônicos - e de fracos cidadãos comuns, como a dona-de-casa, as empregadas domésticas, o negro, o índio,e todos os excluídos da Nação Mãe Brasileira.
Há uma lista, pública, circulando em Rondônia desde os anos 80, que contém nomes de lideres indigenas (já cumpriram com os Uru-weu-wau-wau de Ariquemes a Cacoal) e lideranças de sem-terra, religiosos, jornalistas, políticos com cheiro de povo... e ninguém diz nada!
A Europa fez a sua reorma agrária, mas teve que derramatarf sangue de seus inocentes. E aqui, neste estado podre de ladrões do dinheiro público, de uma Justiça capciosa, de pseuda-lideranças a serviço do agro-negócio e de igrejas neo-petencostais (que não passam de bancos de feiras de Bagdá), o que afazer, então?
Já chega se notícias de que nossos irmãos indígenas são ameaçados, de que trabalhadores, bons políticos e religiosos são mortos e pendurados em cerca de arame fawrpado de fazendeiros, madeireiros e de pistoleiros-fazendeiros de Porto Velho a Corumbiara - este último, o maior ninho de pistoleiros do centro-oeste do Brasil.
Em defesa verdadeira de nossos irmãos indígenas, Xico Nery, índio-descendente do Amazonas.